quarta-feira, 13 de junho de 2012

MUDANÇA DE MENTALIDADES



O que pode levar uma sociedade acrescer sustentadamente  quer ao nível do conforto e bem estar, mas também ao nível cívico, social e humano ? Por outras palavras, o que poderá fazer mudar mais rapidamente a mentalidade de um povo ? Arriscando-me a ser banal, é através do sistema educativo. Mas será um sistema educativo focado somente ao nível do conhecimento, capaz de tornar um povo verdadeiramente civilizado ? Não ! Como é evidente o conhecimento estrutura melhor  a nossa mente a pensar, e ajuda-nos a interagir para outras vertentes que poderão ser consideradas bases estruturantes  para o desenvolvimento integral do indivíduo; contudo não é suficiente. Fenómenos relacionados com a higiene, a violência doméstica, o autoritarismo, a conduta na estrada, o respeito pelo próximo, a humanidade e a solidariedade, não estão ligadas directamente ao conhecimento. Poderão ser sim alavancadas por este, nas não são determinantes. O conhecimento é necessário mas não é suficiente, para que o homem se torne verdadeiramente civilizado no sentido mais lato do termo.
Mas será que os agentes educativos, nomeadamente ao nível do sistema de ensino, não desempenham também um papel importante no desenvolvimento e crescimento do ser humano ao nível cívico ? Claro que sim , mas não é esse o seu escopo. O seu objectivo principal é a transmissão de conhecimentos. Para o desenvolvimento do individuo nas restantes componentes estruturantes, o papel da família, e da sua interacção com a sociedade são fundamentais.
É exactamente aqui que eu quero chegar.
Até que ponto a relação do homem com a comunicação social, pode desempenhar um papel fundamental no seu crescimento cívico-social ? Na minha opinião, baseada num sentimento pessoal, a utilização dos meios de comunicação social, principalmente a televisão, mas também o rádio e os jornais, poderão desempenhar um papel fundamental  no crescimento e desenvolvimento cívico do ser humano, ajudando mesmo a incrementar a cidadania activa no cidadão.

O leitor não se deve lembrar, mas em Agosto de 2011, o nosso querido ministro das secretas Miguel Relvas veio a público anunciar com poupa e circunstância o fim do Canal da RTP. Na altura escrevi um artigo referindo-me ao facto, mas também ao papel que a televisão poderia e poderá ter na melhoria da conduta dos portugueses, e assim podermos ampliar o âmbito de um verdadeiro serviço público de televisão. 

O ministro das secretas estando à data cheio de veia reformista, encomendou ao ISEG, na pessoa do Professor João Duque um plano estratégico reformista para o canal público de televisão. Passado algum tempo esse plano foi feito, e presumo que pago. No entanto, passado quase um ano da divulgação dos resultados desse estudo ao governo, o mesmo deve agora estar na gaveta. Não sei se o professor João Duque previa a situação que na altura referi e que repito abaixo, mas como o mais certo é não, volto a referir-me a este aspecto, porque continuo-o a achar demasiado importante.

 Na altura escrevi o seguinte:
...... o encerramento de um canal público de televisão, ao contrário do fim das Golden Shares, deve ser concretizado sim, mas com contra partidas por parte das empresas de televisão privadas, no sentido obrigatoriedade da prestação de serviço público nos horários nobres. Só assim o público em geral pode ganhar alguma coisa. Mas o leitor perguntará. Que serviço público poderão ser obrigadas as restantes televisões generalistas a prestar ao público em geral ? O que vou propor não é nada de novo. É feito em muitos países. O que poderá ser novo, será o facto do serviço ter um carácter permanente; ser dado em simultâneo pelos restantes canais generalistas e prestado em horário nobre. Como sabem é através da persistência e repetição de atitudes de carácter educacional, que os efeitos comportamentais nas pessoas surtem efeito no médio e longo prazo. Quem não se lembra, ainda no tempo do anterior regime, do sketch publicitário da prevenção rodoviária, "Pisca da direita é para passar, pisca da esquerda é para aguentar" ou da campanha do senhor Prudêncio e da senhora Prudência, acerca dos cuidados a ter no manuseamento dos produtos e embalagens perigosas.
É nesse sentido, que eu proponho contra partidas fortes por parte do governo e da assembleia da republica, no sentido de legislarem (já que legislam sobre tanta coisa sem efeitos práticos) para que torne obrigatório a prestação destes serviços por parte dos canais privados. Não se pretende que a televisão venha substituir a escola em disciplinas de carácter cívico, mas sim ser, de certa forma um complemento quer para os jovens estudantes, quer para o melhoramento cívico da população em geral que já está fora do ensino. Contratar grandes empresas da área da publicidade, de preferência nacionais, para a criação de sketchs televisivos de carácter formativo, elencando atitudes condenáveis, e formalizando em simultâneo medidas ou atitudes de carácter correctivo será desejável que seja feito nesta legislatura, e com continuidade nas legislaturas seguintes.

Passo a destacar alguns temas objecto de acções de cariz publicitário formativo.


Comportamento cívicos na estrada.

  • excesso de velocidade e suas consequências,
  • condução pela direita,
  • riscos do uso de telemóvel ao volante
  • distâncias de segurança, 
  • consequências da ingestão de bebidas alcoólicas e drogas. O condutor Kool 
  • o cansaço a conduzir, 
  • sinalização cívica, pisca da direita e esquerda, 
  • o respeito pelos menos dextros a conduzir especialmente os mais velhos,
  •  o cinto de segurança,
  • mostrar as consequências dos actos de loucura e irreflectidos ao volante podem ter para nós e para os outros.
  • etc. etc...

Comportamentos cívicos em geral


  • não deitar lixo para o chão,
  • deitar lixo nos locais apropriados, 
  • consequências sobre os malefícios do tabaco, 
  • apanhar o cócó do nosso cão do chão, 
  • não estarmos sempre à espera que sejam as entidades públicas a agir e corrigir. Tomarmos nós a iniciativa, 
  • as vantagens de ter hábitos de leitura para a formação da personalidade, 
  • as vantagens e benefícios da prática de desporto, 
  • as consequências negativas da obesidade, 
  • conselhos na prática de uma alimentação equilibrada e económica, 
  • a condenação de actos de corrupção e as consequências, da perda das receitas do estado, no bem estar de todos nós, 
  • a importância da poupança de água, e energia em geral, 
  • o importância da valorização do ser em detrimento do ter, 
  • a conservação do espaço público, com sendo as partes comuns do prédio onde nós vivemos, 
  • o valor da solidariedade "do eu solitário ao eu solidário",
  • estimular os cidadãos a participar nas assembleias camarárias ouvindo os seus representantes locais,
  • incentivar o cidadão a reclamar  às entidades responsáveis, quer seja por escrito quer seja directamente, fazendo enfoque dos benefícios que tais atitudes poderão trazer.
  • etc.etc...

A passagens destes anúncios formativos, deveram ter um período de acção de vários anos, sendo mostrada em simultâneo por todos os canais televisivos, em horário nobre................

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Se este tipo de intervenção cívica comunicacional fosse alargada a outros canais de comunicação tais como o rádio, e mesmo os jornais, tenho a certeza que no prazo de cinco anos a conduta dos cidadãos em geral melhoraria bastante, e teria repercussões fortes AO NÍVEL DO CRESCIMENTO ECONÓMICO .
Não esquecer que uma sociedade mais interventiva e mais exigente com os seus representantes resulta numa primeira fase na DIMINUIÇÃO DA CORRUPÇÃO E NA MELHORIA DO SERVIÇO PÚBLICO PRESTADO AOS CIDADÃOS E NO FUTURO NO AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.
Nota: fazendo da teoria prática, e incrementando uma verdadeira acção de cidadania activa, vou encaminhar este texto para a direcção da RTP, e se descobrir o canal, para o nosso super ministro das secretas.

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