sexta-feira, 15 de junho de 2012

O GRITO

Greves, manifestações, petições, abaixo assinados Estes são algumas das formas de expressão do descontentamento de milhares e milhares de pessoas em alguns dos países do continente europeu. Sofrem ou estão com medo de sofrer; sofrem ou estão solidários com os que estão sofrendo. O grito pelos direitos à dignidade, ao trabalho, à saúde, à educação, à família, ao lazer. Nasce uma geração de indignados que vê o seu futuro com  preocupação. Vêm  o estado do bem estar em que foram criados,  não lhes dar as oportunidades  que os seus pais tiveram. Vêm o well fare state de uma Europa soberba perante o resto do mundo, apanhada desprevenida na torrente económica dos países emergentes e na armadilha financeira dos mercados que a financiam. Prometeram aos seus cidadãos o final de uma vida profissional descansada e com a garantia de ser financiada ad eternum por um estado solvente. Criaram a ilusão que esta economia do bem estar não tinha mais fim. Criaram a ilusão e a mentira que agora no €uro as dívidas públicas  dos seus cidadãos eram soberanas e jamais vitimas de ataques. A Europa era o paraíso na terra, o fácil acesso ao crédito induziu a uma forte procura externa e ao endividamento. Queres 1000 ? Porque não levas 3000?  Se pagares em 10 anos podes levar até 10.000, por uma módica quantia mensal. A casa era a cereja em cima do bolo. Já não precisas de pagar em 20 anos, podes pagar em 30 ou 40. Se não pagares tu pagam os teus netos. Era este o discurso do deslumbramento. Fome em África ? Exploração e miséria na India ? Direitos humanos na China ? Ninguém ouvia falar, e se se ouvia falar é lá tão longe ! Nós queremos é ter muita , muita coisa barata vinda de lá. Liberalizem os mercados mundiais, derrubando as barreiras alfandegarias. Os outros países também tem direito a crescer não têm ? Claro ! desde que nós europeus  continuemos mantendo o status quo. Esperavam o quê ? que o ajustamento se fizesse por cima. Não ! então as grandes empresas europeias não têm como objectivo o lucro? Produzir barato lá fora, que a nós europeus não nos vaí faltar o crédito para comprar mais e mais e mais. Evidente! o ajustamento faz-se por baixo quando o crédito começa a acabar e os termos de troca com quem transaccionas são inferiores aos teus. Como diz o professor César das Neves "Não há almoços grátis".

Os nossos representantes que andam sempre com o povo na boca, ficaram ofendidos quando Cristine La Garde, afirmou que estava mais preocupada com as crianças da Somália que com as Gregas. Disse quanto a mim uma evidência. Não é que a crianças Gregas não mereçam preocupação, mas se calhar as Somalis não têm 1/10 dos cuidados que têm as Gregas mesmo em dificuldades. Andar de Cavalo para Burro custa muito. Esta Europa vai com certeza andar para trás. Não para Burro, porque ela continua a ser juntamente com os USA uma potência Mundial, mas os níveis de conforto e rendimento a que estava habituada, vão continuar a descer pelo menos no médio prazo. É pena é que não seja para todos. Se Europeus e seus representantes souberem aceitar esta perda relativa no contexto mundial com humildade e empenho, tenho a certeza que no longo prazo irá recuperar o terreno perdido. Até lá o GRITO vai continuar.

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