quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O EURO À BEIRA DO ABISMO

Os tão badalados mercados. O chamado eixo do mal. Afinal o que são ? É  o excesso de liquidez do globo à procura de local onde investir. Quem é que vai aos mercados ? Quem tem falta de liquidez para pagar as suas obrigações contratuais, ou quer fazer investimentos. Os mercados funcionam na base no princípio fundamental da economia. A lei da oferta e da procura. Para uns investirem ou gastarem (procura) , tem que haver outros a poupar (oferta). O preço (neste caso a taxa de juro) é a variável que sobe ou desce, conforme aumente ou diminua a procura, (neste caso de dinheiro).
Quando nos deslocamos ao banco a pedir financiamento, ele poderá ser disponibilizado porque há outros que o pouparam. A forma como o pouparam ou arranjaram, poderá ser tema para outro artigo, mas neste momento vamos nos cingir à forma como a maior parte das economias europeias se tem financiado cada vez mais nos últimos anos.
Quando as sucessivas alterações ocorridas no mercado internacional foram ocorrendo sob o chapéu da OMC (Organização mundial do comércio), nunca a Europa pensou saber o que lhe esperava. Uma perda progressiva capacidade de criar riqueza. É legítimo que outras economias de outras latitudes que não sejam a Europeia  e os USA, tenham espectativas e direito a que as suas populações tenham acesso aos bens, aos direitos; à saúde; à riqueza tal como na Europa e USA. Não podemos querer na teoria, que os povos mais pobres tenhas essas melhorias nas suas condições de vida, mas quando na prática essas melhorias alteram as relações dos termos de troca na economia mundial, e fazem com que os Europeus percam rendimento, venham ai !ai !ai !ai ! que isto não pode ser.
É que com o despoletar das economias emergentes como a China, India, Brasil, Russia, cujas taxas de crescimento do pib ao ano chegam perto dos dois dígitos, a Europa e os USA, tem vindo  a ter quebras do pib na ordem dos 2 e 3% ao ano. Qual é o resultado destas perdas de rendimento ? O volume da recolha de impostos nestes  países diminiu. Com níveis de crescimento mais baixos o nível de receita de impostos diminui igualmente. Para agravar esta situação, a Europa tem ao nível estrutural uma sociedade, com um mercado de trabalho bastante rígido; um sistema de segurança social acente em valores de crescimento do produto do antigamente; níveis de poupança interna bastante reduzidas quer seja do sector público quer seja do sector privado; uma pirâmide de idades invertida; um aumento da esperança de vida das populações em geral. Ou seja, a Europa criou o chamado Well fare State. Como financiar este estado generoso sem uma contra partida na recolha de impostos ? Só através do endividamento.
 E porquê só através do endividamento? Porque os países da zona euro, perderam os instrumentos de política económica capazes de no curto prazo resolverem as situações deficitárias nas suas balanças de pagamentos. As duas grandes economias que sustentam o Euro como moeda forte e de confiança no mercado internacional, são a França e a Alemanha. Economias que devido à sua pujança económica, têm na  actual conjuntura  procura para as suas exportações. Não lhes interessa ter um euro fraco, não lhes interessa a emissão monetária, pois esse processo acarrecta inflação. Mas as restantes economias da zona euro, nomeadamente a dos países PIGE  o cenário é diferente. A procura dos seus produtos no mercado mundial é muito mais pequena. Concorrem directamente com os produtos dos países emergentes, cujos os seus custos de produção são muito mais baixos. Nestes países a sua quebra do produto é muito maior. Para agravar, estes países ao beneficiarem de taxas de juro bastante baixas e taxas de inflação igualmente baixas devido à política monetárias do BCE que é fortemente condicionada pela Alemanha, fez com que o endividamento destes países fosse galopante.
Vejam só coktail. Diminuição do PIB; baixas taxas de juro; baixa taxas de inflação; endividamento; Irresponsabilidade política e populismo; níveis de segurança social bastante elevados; envelhecimento da população; despesa pública desajustada com o nível populacional, e com a recolha de impostos. Mercado do trabalho rígido; Constituições cheias de direitos adquiridos etc. etc. Qual poderia ser o resultado, a falência destes estados. A crise das dívidas soberanas, que de soberanas têm cada vez menos.
Financiar estes estado em falência técnica, carregados de democracia, numa zona monetária comum, só pode levar a moeda única ao ABISMO.
Faço uma pergunta. Se emprestar dinheiro a uma família uma e outra vez, e verifica, que não consegue equilibrar o seu orçamento familiar, você empresta cada vez menos, e a taxas de juro mais altas não é ? E se não lhe pagar, e se para receber algum lhe perdoa parte da dívida, voltará a emprestar-lhe ? Claro que não É o que vai acontecer à Grécia, e esperamos que não a Portugal.
Neste cenário não estou a ver que a Alemanha queira desvalorizar o euro com a emissão de Eurobonds, para financiar a irresponsabilidade. O caminho para salvar o Euro é o do EMPOBRECIMENTO geral destes países, com um processo de ajustamento longo e doloroso.

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