quarta-feira, 6 de julho de 2011

A DIMENSÃO DA DÍVIDA PARTE II

Na anterior análise feita sobre a dimensão da dívida em que estamos atolados, preocupei-me em fazer uma  que breve resenha histórica sobre o tratado que institucionalizou a moeda única, e as regras orçamentais pelas quais os  Estados ficaram obrigados a se orientar, para manter a estabilização do €uro. Assim sendo, e para que o leitor fique com uma melhor ideia da dimensão dívida pública (porque se fossemos abordar a dívida privada os nº seriam muito maiores) portuguesa, nada melhor que um exemplo. Imaginem que no vosso agregado familiar, com um rendimento anual de 28.000€ e sem perspectivas de aumento anual do rendimento. Com uma rubrica de despesas correntes anuais de 30.100 €. Com uma dívida primária (sem juros)  global acumulada (orçamentada e não orçamentada) de 33.600 €, e  juros médios sobre essa dívida na ordem dos 10 % ano, ou seja 3.360 €. Isto, em termos de rácios do défice e da dívida, seriam os seguintes: Déficite->28.000-30.100=-2.100/28.000=7,5% do rendimento, ou seja +- o défice orçamental  apurado de Portugal de 2010. A dívida ->33.600/28.000=1,2 ou seja 120% do rendimento, ou seja o valor % mais ou menos da dívida global do Estado português aos diversos credores. Mais, o serviço da dívida, ou seja os juros, que representam cerca de 12 % do rendimento.
Agora imaginem, que no vosso agregado à uma rigidez das despesas  tão forte, que não conseguem reduzir anualmente mais de 10 % das despesas correntes. Isso significaria que não chegava para pagar sequer os juros da dívida quanto mais amortizá-la. Pior, a dívida subia ainda mais.
Ou seja nós, só para pagarmos os juros da dívida, teríamos que ter um aumento do rendimento de 12% ano, ou seja 28.000*0,12=3360, que representa o valor dos juro médios sobre  os 33.600 € da dívida acumulada. A 6 % ano,crescem as economias mais dinâmicas do mundo. Como o leitor acharia que estava se se encontrasse numa situação destas. Eu respondo. FALIDO. É COMO SE ENCONTRA NESTE MOMENTO PORTUGAL. Pior, é que se conseguisse algum dia reduzir 10 % das despesas correntes, seria um feito inédito (mas impossível com a actual constituição). Mais, medidas de redução das despesa dessa natureza, levariam a um crescimento negativo mais profundo do que ainda estamos. NÃO HÁ OUTRA SOLUÇÃO QUE NÃO SEJA JÁ A RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA, COM JUROS MAIS BAIXOS E PRAZOS DE PAGAMENTO MAIS ALARGADOS.

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