sábado, 8 de fevereiro de 2014

EURO FORTE - EURO FRACO

Vários países num mesmo clube monetário, com  diferentes culturas, e analisá-los, numa base de diferentes preferências sociais, na forma com sempre ajustaram  os seus regimes monetários, e as repercussões a que essas diferenças conduziram em termos macroeconómicos os seus países, e toda a zona euro, é a base deste livro de autoria de Vitor Bento.

De um lado, um regime monetário inflacionista e conducente a uma moeda fraca designada por euro fraco (países denominados do sul da Europa). Por outro lado um regime monetário conducente à estabilidade dos preços (inflação baixa), gerador de uma moeda forte, designada por euro forte (países do norte da Europa).

O primeiro grupo de países, dão mais ênfase a políticas económicas de curto prazo, descurando a sustentabilidade das finanças públicas, da qual decorrem decisões insustentáveis que levam ao défices; dívida pública; aumentos salariais não sustentados pela produtividade, retirando assim competitividade à economia, e criando nas populações um efeito de ilusão monetária; já que em termos nominais, os seus rendimentos são repostos com aumentos salariais, mas por outro, são consumidos pela inflação.

O segundo grupo de países, que tiverem sempre preferências económicas mais para o longo prazo, ajustando as suas políticas  do ponto de vista monetário, pela estabilidade dos preços, com maior controlo orçamental do ponto de vista do défice e do endividamento, pondo assim mais ênfase no crescimento sustentado e na produtividade.

O regime de preferências sociais que  prevalece no Norte da Europa, tende a ser mais exigente com o cumprimento de normas, nomeadamente nas obrigações fiscais, censurando os prevaricadores e encorajando formalmente o seu castigo. Nos países do Sul a moralidade social tende a ser mais tolerante com este tipo de comportamentos, reconhecendo mesmo, socialmente este tipo de prevaricadores, e mostrando pouco apreço pelos cumpridores.

Como é evidente, nas sociedades do Sul da Europa, a dimensão de comportamentos desviantes, nomeadamente fuga fiscal, corrupção e economia informal, torna-se muito maior do que nos países do Norte.

Ao juntarem-se estes grupos de países com preferências sociais diferentes, num mesmo regime monetário, teriam que optar por um destes regimes de governação monetária, dado que as regras teriam que ser definidas. O regime que prevaleceu foi a do euro forte, alinhado pelas orientações do país charneira; a Alemanha.

O Tratado de Maastricht, e nomeadamente as suas definições quanto à política económica são disso exemplo nos chamados critérios de convergência, onde a prioridade é dada à estabilidade dos preços, convergência nas taxas de juro e  disciplina nas finanças públicas.

Como os países do euro fraco (Países do sul) têm na sua genética a indisciplina e o descontrolo orçamental, não perderam muito tempo, mesmo com as limitações que os critérios de convergência impunham, a descontrolarem-se e violarem esses mesmos critérios, em parte devido ao boom de procura interna, impulsionada pelas baixas taxas de juro do euro forte  e pelo excesso de liquidez mundial.

A competitividade destes países foi-se perdendo, apesar do fluxo de financiamento externo lhes ir alimentando a procura interna, acumulado crescentes stocks de dívida.
Para manter as expectativas de nível de vida a que as sociedades se habituaram, o crédito foi a opção, camuflando assim a perda de competitividade que se veio a verificar com a crise financeira internacional e a respectiva secagem de liquidez para estes países.

Apesar das diferenças, esta crise tem muitas semelhanças com a crise de 1929 /1930, dado que na sua génese, estava também não um regime monetário único, mas sim uma orientação monetária única de câmbios fixos, a que na altura 40 países aderiram ao ligarem as suas moedas a paridades fixas numa base de valor do ouro, e que num próximo texto escreverei.

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