A incapacidade dos nossos representantes fazerem frente aos interesses particulares de todos aqueles que se alimentam do bem público, é de desconcertante. O único período em que demonstram alguma capacidade reformista, é quando chegam ao governo. Mas depressa perdem o entusiasmo. Os interesses e os interessados à sua chegada, abrem-lhes as portas e dão-lhes palmadinhas nas costas, para melhor saberem as suas intenções. Assim que verificam qualquer intenção forte de tentar mudar o status quo, os tentáculos do polvo cerram fileiras. Veja-se o que aconteceu com Sócrates no início do seu mandato, e pelas tentativas frustradas de reformar as regalias (que ainda agora se mantêm para os que lá estão) e acabar com os privilégios da classe política; das tentativa de reforma do sector da educação e da saúde por Correia de Campos e Lurdes Rodrigues. Foram triturados pelos lobies da Saúde e da Educação.
A esperança, confesso, estava neste governo, já que com o cutelo da Troika na cabeça, estava condenado a fazer qualquer coisa nesse sentido. Mas enganei-me. A falta de coragem, para enfrentar a fundo, (e não tibíamente) a banca; a empresas do regime com os seus contratos leoninos; a sobranceira do poder judicial; os grandes escritórios de advogados etc... A incapacidade sequer, de sentar no banco do réus (protegidos por uma legislação feita à medida) as centenas de indivíduos que roubaram lesando o estado em milhares de milhões de Euros, e convocando por incapacidade os portugueses trabalhadores a pagar a roubalheira e a má gestão, sob a sigla da austeridade.
Quando lhes falam em taxar as margens da PPP, apertasse-lhes o estômago. Argumentam, que não se pode de ânimo leve alterar contratos firmados e assessorados pela nata da advocacia. Mas podem sem qualquer problema, romper contratos colectivos de trabalho com milhares de trabalhadores no activo. Cobardes !
Este governo, tal como o anterior, perdeu já a oportunidade de romper com os tentáculos do polvo. Confesso que, apesar de não acreditar em grande coisa neste novo líder do PS, acho que entrada dele neste momento na governação com uma maioria absoluta, era uma excelente oportunidade de aproveitar com a ajuda do cutelo da troika, a energia inicial que lhe está subjacente.
Paulo Portas fazia um grande favor ao País quebrar a coligação, e o Presidente convocar eleições (ao contrário do que dizem não acho caso para haver crise política) e formar um novo governo, quer seja ou não de salvação nacional.
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