domingo, 27 de janeiro de 2013

IDA AOS MERCADOS

Esta semana o governo teve o seu primeiro balão de oxigénio para dar cobertura a continuação das políticas de ajustamento, com a tão propagada  ida aos mercados.  Como é óbvio, a percepção externa de que Portugal está a fazer um grande esforço de consolidação orçamental ser importante, e ter tido notas positivas nas 6 pseudo-avaliações da troika, o que é certo, é que isto não passou de uma vitória de Pirro. A grande  procura de títulos de dívida portuguesa por parte dos mercados com uma taxa de juro mais baixa, deveu-se essencialmente à garantia por parte do BCE, de que sob o Portugal borracho, porá sempre a mão por baixo. Mas a percepção com que os portugueses ficaram, devido ao excelente aproveitamento comunicacional por parte do governo, (aproveitando simultâneamente a excelente  altura para revelar que os nºs do défice de 2012 estariam dentro do estimado), foi a de que, de facto, talvez estas políticas de forte ajustamento estão a dar resultado.

Ainda bem que foi isso que aconteceu,  não ouvíamos uma boa notícia à bastante tempo, e independentemente de quem é a causa da maior credibilidade externa de Portugal, o facto é que é bom. Mais não seja, pelo facto de poder gerar um efeito tipo plascebo nas mentes nacionais.

Mas como a política está cheia de hipocrisia, e cada um olha sempre para o seu umbigo, as oposições não esperaram para logo vir a terreno desmentir que os efeitos na grande procura de títulos da dívida, maiores que a oferta, e da baixa taxa de remuneração que teriamos que pagar, fossem  de todo o tipo menos oriundas  das políticas do governo.

O partido socialista e nomeadamente a sua oposição socrática interna, que apostava tudo numa crise política dentro da coligação e queda do governo a médio prazo, começou a ver a vidinha a andar para traz. Então vira-se para dentro da própria casa. Se o governo não cai antes das próximas eleições autarquicas, as probabilidades de António José Seguro as ganhar serão imensas, porque apesar da ida aos mercados, as políticas de aperto interno serão para continuar, e o descontentamento com o governo será ainda maior, e então abrirar-se-á uma auto-estrada para José Seguro chegar a primeiro ministro com uma mais que provável vitória nas autárquicas; coisa que a oposição interna socialista não quer. Daí que finquem pé para que o congresso dos socialistas se realize antes das eleições autárquicas, no qual irão fazer tudo para que António Costa avance contra Seguro para a liderança. Estão com medo que a receita do ajustamento forte e feio do governo resulte, (leram bem ? Estão com medo ! é o interesse nacional que está em jogo e não a vidinha deles...), e como Seguro às vezes diz umas coisas, o raça do homem, não sei porquê, não dá lá muita credibilidade; e nada melhor que um peso pesado como António Costa para lhe fazer frente, e devida oposição ao governo. Pessoalmente se tiver que ver socialista a chefiar um próximo governo, apesar de não ser socialista, preferiria mil vezes António Costa que José Seguro.

Sem comentários:

PRESIDÊNCIA DA RÉPUBLICA

  O nosso sistema político é Parlamentar, não presidencialista, logo os poderes do Presidente da República são limitados à sua esfera de inf...