Houve um caso em Portugal em que de facto não se passou nada, mas um ministro demitiu-se. Estou a falar do dr António Vitorino. Por causa de um eventual não pagamento da sisa na compra de um imóvel, o na altura ministro António Vitorino pediu a demissão do Governo. Mais tarde, provou-se que tinha de facto pago o respectivo imposto. Um caso raro. Raro tanto mais que nem sequer havia razões para o ter feito. Mas fê-lo, para desanuviar o clima de suspeição e mau estar que eventualmente poderia pairar sobre todo o executivo. Outro caso podemos nos recordar, em que aqui algo se passou de facto e houve também uma demissão do na altura ministro da Administração Interna dr. Jorge Coelho, após o desastre de entre-os-rios.
Estes dois exemplos de retirada de consequências políticas directas e indirectas por parte dos responsáveis ministeriais por acontecimentos ocorridos nos seus ministérios, é como já referi um caso raro.
Num país como os USA ou Inglaterra, em que se passasse o que se passou nas Secretas portuguesas, já toda a estrutura directiva teria sido demitida. O ministro tutelar da pasta já se teria demitido, e outro estaria já neste momento nas suas funções. Atitudes desta natureza permitiriam o respirar de um ar puro, premitiriam desanuviar o ambiente; seria uma mensagem para toda uma sociedade que está a sofrer na pele uma crise terrível, de que sobre aqueles que nos estão nos representando estariam acima de qualquer suspeita, que nada de bafiento pairava sobre quem dirige os nossos destinos; que podemos ter confiança e espírito de sacrifício para podermos ultrapassar estoícamente esta fase. Mas não, a nossa classe política para além de não valer nada tecnicamente, também pouco ou nada vale ao nível da ética. Agem sempre como nada se tivesse passado. Eu não fiz, eu não vi, eu não sabia de nada. Vão falando à medida do que a comunicação social vai publicando, sempre na esperança de nada mais vir a público, e mesmo quando as evidências são demais gritantes recusam-se a agir com a dignidade que se esperaria para os cargos e funções que representam. Mantêm-se agarrados ao poder como lapas a uma rocha. Os interesses pessoais falam mais alto. Vejam os casos do Major Batatas e do autarca Isaltino. Este último já condenado. Acho mesmo que se fossem apanhados em flagrante delito, reagiriam sempre negando e procurando manter-se no poder.
O que poderíamos esperar do Ministro Miguel Relvas, quando temos na primeira figura do Estado, o Presidente Cavaco Silva, que age de forma a evitar pagar impostos sobre mais valias na permuta da sua casa no Algarve ? Nada ! Aqui também as suas confissões vão saindo à medida do que sai na comunicação social. Mente. Se não tem nada a esconder, não se percebe porque mente. Aqui também não se passou nada.
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