domingo, 13 de maio de 2012

DESEMPREGO UMA OPORTUNIDADE ?


|"Não encarar o desemprego como um estigma e encará-lo como um oportunidade"
--Pedro Paços Coelho 11-05-2012--
Esta frase dita numa qualquer altura por um qualquer primeiro  ministro em qualquer local ou contexto, não causaria nenhuma celeuma, mas dito pelo nosso primeiro ministro Paços Coelho numa altura em a taxa de desemprego ultrapassou os 15 %  e o país está num atoleiro autêntico, é uma autêntico tiro no pé. É não perceber o que se está a passar neste momento; e mais grave, é não conhecer as características e limitações da grande maioria da população portuguesa que se encontra nessa situação; quer seja quanto ao seu nível de escolaridade, quer quanto à qualidade dessa mesma escolaridade e consequente preparação para a entrava no mercado do trabalho.
 Senão vejamos:
Desses 15 % de desempregados, 35 % é desemprego jovem, que na sua grande maioria se encontra à procura do 1º emprego
Dos restantes 65 %, são  sobretudo trabalhadores com fracas qualificações profissionais e culturais, que  na sua grande maioria tem idades superiores a 40 anos. São os pais de muitos daqueles que têm os filhos licenciados também no desemprego.
Do universo jovem  a que pertencem os 35% está muito do produto da maior fraude cometida no nosso país aos jovens e às suas expectativas de um futuro melhor. Foram enganados por um estado displicente com o  futuro dos seus filhos,  dando-lhes a entender que poderiam ter um futuro melhor que o dos seus país com relativa facilidade e tendo acesso simultâneamente a um conjunto de bens de jamais haviam pensado nos seus melhores sonhos. Puro embuste. Universidade para todos foi a bandeira dos sucessivos governos pós 25 de Abril. Também estes iludidos já com os milhões dos primeiros QCA (Quadro Comunitário de Apoio), viram aí uma grande oportunidade de negócio. Universidade para todos soou-lhes a pillin $$. Esta classe média sedenta de ser alguém na vida, ou melhor, na sua génese natural ambicionar sempre chegar até à classe alta ! Criaram neste pequeno país europeu o maior rácio de universidades por 1.000.000 habitantes. Nunca a quantidade e a qualidade andaram juntas, porque haveriam de andar agora ? Isto é pior que uma compra a crédito que mais tarde não consigamos pagar. Uma compra no mínimo ainda a desfrutamos o seu uso. Mas da má formação nunca tiramos partido nenhum. Tiraram partido sim, foram os donos das universidades e politécnicos privados que proliferaram por este país fora, de onde brotaram dezenas senão centenas de professores turbo de qualidade duvidosa, dando canudos a troco de sangue, suor e lágrimas; mas não por parte dos alunos, visto que muitos destes levaram o percurso com uma perna às costas e com telemóveis e carros nas mãos, mas sim aos  pais destes alunos, que com enorme orgulho e ao mesmo tempo desilusão vêm os seus filhos doutores no desemprego.
Mas este primeiro ministro parece que acabou de aterrou agora em Portugal. Ver "oportunidades" numa economia de caracol como a nossa, para a tipificação de desempregados acima referida, é de ignorante.
O que deveria ter dito, mesmo estando num seminário sobre empreendorismo, é que o facto de estar desempregado poderá ser o começo de um novo caminho, muitas vezes melhor do que aquele que tínhamos na nossa "zona de conforto". Estar desempregado, poderá ser a oportunidade de fazermos sim, aquilo que antes não tivemos coragem de fazer, e de alguma forma tínhamos vontade. Estar desempregado poderá ser um teste à nossa capacidade de fazer algo.
 Devia ser nestes termos que devia ter falado. Este primeiro ministro falou sim na sua "zona de conforto", pois é onde ele e os seus correlegionários andam e tem andado e vão continuar a andar à custa do sangue, suor e lágrimas da grande maioria dos portugueses.

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