domingo, 4 de março de 2012

CONVERSAS DE CORREDOR



Lá pelos lados do Parlamento Europeu, o sr Germano encontra o sr Portuga, e este pergunta-lhe. Então como andam as coisas por lá ? Muito mal responde-lhe Portuga. Eu e o resto do pessoal andamos um bocado depressivos. Pensava que andava no melhor dos mundos, e agora verifiquei que não é verdade. Vocês meteram-nos num grande sarilho. Isto de vocês nos terem metido num clube de ricos, deu-nos estatuto, mas o pessoal perdeu a cabeça. O pessoal por lá comprou tudo o que podia e não podia. Agora o dinheiro acabou, já não nos emprestam mais, e não sabemos como havemos de pagar as dívidas.
Você podia falar com os seus correligionários, para ver se vocês reduziam o valor do €uro, para ver se temos hipóteses de vender mais qualquer coisinha para ganhar mais uns trocos para poder pagar a dívida. É que o pessoal lá não gosta da desvalorização salarial. Assim se desvalorizássemos a nossa moedita, podíamos ao menos ganhar competitividade externa para fora da união. Perdíamos na mesma poder de compra mas o pessoal nem notava. Germano pergunte ao Portuga; que  tu tens para vender ? O portuga apresenta o seu portefólio produtivo. Germano reponde. O que  me mostras, produzem os chinocas muito, mas muito mais barato, e aquilo que nós  produzimos, toda a gente quer,  pagando caro. Por que raio havíamos nós de desvalorizar a cotação do €uro se os nosso produtos vendem bem, e vocês por enquanto, continuam a nos comprar. Mas se vocês não fizerem isso, nós vamos passar muita  à fominha. Vamos ficar mais pobres; diz o portuga. É que para além de não conseguirmos produzir o suficiente porque temos o torniquete do €uro, temos este fardo da dívida + os juros que não nos deixam respirar. Vamos morrer asfixiados. Então meu menino. E os milhões e milhões de fundos estruturais que vocês receberam nas últimas duas décadas e para os quais nós contribuímos grandemente, para tornarem os vossos produtos mais competitivos. Sabe sr Germano os nossos estudantes tem canudo porque as universidades foram um grande negócio para alguns. Criaram licenciaturas aos pontapés, professores turbo, mas no fundo, os nossos estudantes não sabem nada. Veja o caso do nosso anterior primeiro ministro José Sócrates e do seu amigo Armando Vara. Ambos tiraram a sua licenciatura numa universidade que já não existe, e Sócrates, acabou o curso no dia do Senhor. Se calhar foi por isso que chegou a primeiro ministro. Estava abençoado. Quanto aos nossos empresários também receberam milhões e milhões para reestruturarem as suas empresas e darem formação profissional, mas na sua grande maioria serviram para financiar bens pessoais; e sabe, eles não gostam de ter nas empresas pessoas com estatuto académico superior aos deles. Tem o complexo do dr ou da falta dele. E mesmo que lhes dêem emprego, não ligam patavina ao que eles dizem. Gostam de ser eles a mandar. Têm lá alguns doutorecos simplesmente para poderem dizer aos amigos, que são uns empresários modernassos. São os chamados patrões. Quanto à nossa classe política, é muito inteligente. Trabalham a retórica e com a retórica enganam tudo e todos. Especialmente nós a classe média que trabalha para eles. Mas trabalhar de facto, a maioria nunca trabalhou. Se nunca trabalhou, como podem compreender estas coisas da produtividade; da organização; das tesourarias; dos fundos de maneio; dos endividamentos; da dívida; do défice ? Se ao menos pedissem aconselhamentos às suas empregadas domésticas, de certo que não estaríamos a pedir-vos que desvalorizasse-mos a nossa moedinha. Pelo menos do lado da dívida pública  não teríamos este fardo tão pesado às costas. E sabe sr Germano estes tipos são quem nos têm governado nos últimos vinte anos, são muito fraquinhos. Vêm dos partidos, e como o sr sabe de dentro dos partidos políticos só uma ínfima parte do que lá sai, presta para alguma coisa. Sabem falar. E nem todos. São uns artistas, na sua grande maioria agem sempre pela causa própria. Vendem-se eles e o que é nosso. Basta acenar-lhe com umas notinhas rouxas, que que os licenciamentos aparecem, e as prioridades passam a ser outras. Olhe sr Germano, se vier visitar-nos, verá muito do vosso trabalho ás portas de casa dos nossos políticos e empresários; Bmw, mercedes, audis, porches etc etc. Olhe sr Germano, ao menos trabalharam vocês por nós. Vocês trabalham e produzem, nós compramos, e depois emprestam-nos dinheiro para comprar mais. O pagar logo se vê. É um ciclo virtuoso. Tá a ver. E já há cá em Portugal que defenda o início de um novo ciclo. E para acabar com este, há quem sugira que não vos paguemos as dívidas. Um sr lá do nosso parlamento, chamado Nuno Santos que é penso eu vice presidente da bancada parlamentar do Ps, que de certo nunca trabalhou de jeito, afirmou: ".. Portugal devia era marimbar-se para os credores..devia suspender o pagamento da sua dívida para deixar as pernas dos vossos banqueiros a tremer..." Um dia deste metemos a troika na nau catrineta e mandamo-vos burnir. Tá a ver sr Germano, é melhor é emitir mais moedita, ou uns tituluzinhos de dívida europeia para a gente respirar um bocadito, senão não vos pagamos tá a perceber ? Sabe, as férizitias estão a chegar e precisamos de encher o depósito do Bmzito. Como vai ser sr. Germano ? Sabe foi sempre assim porque é que agora havia de acabar. Desde as especiarias da Indía, do Ouro do Brasil, dos fundos comunitários, sempre nossa senhora velou por nós. Por que raio havia agora de deixar de ser. Pela experiência que tenho ao observar a vida dos incumpridores, estes  tem sempre alguém que cuide deles. Como já lhe tinha dito, esta gente anda alcoolizada, e como diz o ditado " ao menino e ao borracho põe nosso senhor a mão por baixo ". Há sempre alguém com pena deles.  É que de facto a nossa melhor arma é a dívida colossal. Portanto tratem-nos bem.  Sr Germano, viver não custa, o que custa é saber viver.

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