sexta-feira, 23 de março de 2012

SOCIEDADE CIVIL






A chamada «sociedade civil», tenha ela expressão no «Compromisso Portugal» "Laboratórios de ideias" ou noutra qualquer manifestação de cidadãos na  discussão dos problemas que a nossa sociedade enfrenta , resulta tão só num entusiástico e ingénua manifestação de opiniões sem que nenhuma consequência daí resulte. Parece mais um casamento de ideias, onde o divórcio das mesmas termina no próprio dia. É um momento e local onde as elites se encontram e se mostram, podendo dar evidência aos seus dotes intelectuais, ostentarem todo o seu actual momento de forma, protagonismo e vaidade.  Acreditar que um conjunto de cidadãos bem intencionados possa na passada e actual conjuntura, alterar substantivamente o rumo dos acontecimentos, é deveres andar distraído quanto ao que se tem passado ao longo da nossa democracia. Decerto  que o leitor repara frequentemente, quão distinta gente dá a cara pela dita «sociedade civil», quer seja nos orgãos de comunicação social, quer seja em seminários; reuniões ; congressos etc.., distintos homens da finança, empresários de sucesso, figuras dos principais grupos económicos, gestores privados e felizes herdeiros da propriedade pública. Tudo gente bem avisada, de apurado sentido de sobrevivência, sempre prontos a transitar de armas e bagagens de um para outro dos partidos dominantes do sistema, e destes para os mais altos quadros das empresas do regime democrático. Patriotas convictos acima de qualquer suspeita (que uma quantas deslocalizações, exportações de lucros ou fuga ao fisco de modo algum mancham) capazes de interromper por momentos a exigente tarefa de tratar da sua vida e negócios para, com comovente desinteresse, darem indicações precisas sobre as políticas económicas e financeiras que ao País interessam.

Com um estado fraco e completamente comprometido com o poder económico (que é o que  tem sido o caso dos sucessivos governos do pós 25 de abril) a capacidade para  levar avante qualquer manifesto resultante de um conjunto de opiniões e sugestões da parte de cidadãos livres, descomprometidos e bem intencionados de facto com o bem estar comum, é inócua.
Manifestações da chamada sociedade civil apadrinhados por um estado fragilizado e fortemente comprometido, não passa de um encher de balões, que muito rijos ficam aquando acabados de encher, mas à  medida que o tempo passa vão-se esvaziando, até ficarem completamente moles. Estas manifestações fazem-me lembrar aqueles reuniões da grande maioria dos nossos pífios empresários, que durante o seu decorrer a adrenalina irrompe pelas diversas mentes criativas, onde as ideias brotam abundantemente; o céu parece estar ali ao nosso lado de tão fácil lá chegar. No fim, o entusiasmo gritante corre nos rostos dos participantes, mais que não seja, porque deram o rosto pela causa, mas após o seu temino a entropia organizacional e  os espasmos naturais aliados à inexistência de avaliação de resultados, levam a que passadas semanas, ou mesmo meses, o céu continua a estar tão longe e fora de alcançe.

Estas manifestações da chamada sociedade civil, e os debates que lhe estão ante, durante e após inerentes, são tal como as reuniões empresariais, puras perdas de tempo. É um exercício deveres penoso ver a forma com os nossos governantes são trucidados pelos poderes instituídos.
O Estado é de facto o elo mais fraco. Adeus !

Neste momento para salvar o Estado desta pandilha, só com a tomada do poder por uma democracia musculada, para restituir o poder aos cidadãos espoliados por esta nomenclatura e seus capangas que nos têm roubado, à sombra do chapéu democracia. Já pareço o Otelo Saraiva de Carvalho a falar, mas a curto médio prazo não vejo  solução mais justa que possa compensar os sacrifícios que os cidadãos (Estado) estão e vão enfrentar na próxima década ou mais, enquanto a nomenclatura do regime está e vai continuar impune e a gozar da espoliação do estado.
Esses (também alguns fazendo parte dessa nomenclatura, a chamada esquerda caviar) que quando se fala na ditadura do anterior regime, deitam as garras de fora parecendo que lhes estão a bater, deviam tomar atitudes mais firmes para além de esperar que o vota nas urnas venha mudar alguma coisa, porque o sofrimento que a grande maioria dos portugueses está e vai passar, irá  concerteza ser de igual ou maior monta, como seja o da passagem por uma ditadura qualquer. Resignados pelo valor do voto, ficam de braços cruzados à espera de um D. Sebastião qualquer. Esse já não volta. É necessária uma revolução !









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