sexta-feira, 30 de março de 2012

PARTIDO COMUNISTA ONDE ANDAS ?


Não houve como agora período  na democracia portuguesa,  tão favorável a afirmação do Partido Comunista.
Senão vejamos:
Costuma-se dizer, que uma mentira não passa a ser verdade por ser repetida muitas vezes. No caso do Partido Comunista, a repetição exaustiva de que as políticas de direita destruiram o nosso aparelho produtivo, passou a ser verdade, não pela repetição desta premissa pelos dirigentes do PC, mas sim pelo  facto da realidade assim o demonstar. Foram na realidade políticas de direita ou não, que em grande parte levaram ao abandono de sectores tradicionais em que a nossa economia assentava, para sectores, onde a nossa competitividade no actual quadro de globalização é pouco competitiva. Já nos anos 90 Michel Porter nos alertava para as vantagens comparativas que possuíamos  no sentido de dar maior ênfase aos nossos recursos endógenos, para melhor competirmos no mercado global, nomeadamente com o fim das barreiras alfândegarias e do acordo multifibras. O que é que se passou então? Tudo ao contrário. No quadro da PAC (Política Agrícola Comum) a preocupação dos dirigentes europeus, com o beneplácito dos nossos dirigentes, foi seguir o caminho mais fácil; receber dinheiro para destruir. Nas pescas a mesma coisa; completa sujeição à pressão dos países económicamente mais fortes, os quais, não tendo nem de perto nem de longe uma zona económica marítima tão grande como a nossa,  ficarem em situações de quotas de pesca bastante favorecidas em relação a nós. 

Quem era o primeiro ministro na altura? Aníbal Cavaco Silva. O mesmo que  vem agora na qualidade de Presidente da República alertar os portugueses para o potencial do Mar.
Reavivar o potencial produtivo do nosso país e explorar os nossos recursos naturais. Voltar em quantidade e força para a terra e  mar !, é a palavra de ordem.
De facto, é o que agora muitos portugueses estão a fazer. Voltar para a agricultura, dando início alguns, e outros continuidade a actividades de produção de produtos de elevada procura no mercado europeu e mundial, tais como o azeite; produção suinícula para abastecimento da industria; horticultura; floricultura; piscicultura etc etc.

Na industria, o ressuscitar das industrias nacionais como os têxteis, o calçado, o vestuário entre outros são o mote, quando muitos afirmavam que eram industrias de mão-de-obra intensiva e objecto de deslocalização para outras partes do mundo. O mito tão propagandeado por patrões e seus representantes, quanto ao abandono dos salários baixos e das industrias de mão-de-obra intensiva, vem agora o Nobel da economia Paul Krugman aconselhar Portugal e baixar cerca de 20 % nos vencimentos dos portugueses, para restaurar a competitividade da nossa economia.
Neste momento são as industrias tradicionais que sobreviveram aos ataques da altura que estão neste momento a dinamizar o sector exportador. Como é evidente, este tipo de industria continua a fazer-se em grande força nos países terceiro mundistas, mas estes sobreviventes nacionais, apostaram essencialmente naquilo que os mais ricos da Europa da altura faziam; ou seja, criaram as suas próprias redes de distribuição e comercialização.

O capitalismo económico e financeiro nunca andou como agora tanto nas ruas da amargura e a sua credibilidade em baixa nomeadamente com a crise de financeira de 2008.
Os escândalos e falência do Lemon Brothers. A crise do sub prime e o escandalo da titularização de activos assentes em pés de barro.
O milionário Warren Buffet afirma peremptóriamete, que " Os ricos que paguem a crise"
As ligações do poder económico com o poder político, nunca antes tinham sido tão escrutinadas e tão reveladas como agora, nomeadamente as relações promíscuas do poder politico com o poder económico; estou a falar nos casos Face Oculta; EDP; CGD; os escândalos do BPN.
Nunca o poder judicial esteve tão em cheque e foram tão reveladas tanto as suas incoerência e fragilidades, nomeadamente nos casos Casa Pia , Sumarinos, BPN etc.

Que será preciso mais para que este partido irrompa pela sociedade e se afirme como alternativa política. Será que a sua nomenclatura também já está agarrada aos tentáculos e às maravilhas deste poder que lhe resta. Será que os representantes do eixo do mal Merkel e Sakozy, e a força patenteado no euro, também já os acomodou ? Será que se deixaram contagiar pela mordomias dos parlamentos Nacionais e Europeu ? Será que também já sofrem de obesidade mórbida do sistema, sem que tal se tenham apercebido ?

Porque é que o partido Comunista não tira grandes dividendos desta realidade  já que o tempo lhe veio dar razão? A explicação que encontro aparente contradição é o de um atavismo comunicacional a que este partido tem andado ao longo dos tempos.
Não sabem dar um ar de modernidade ao seu discurso. Não se sabem vender. Sabemos que eles não querem vender nada e são contra todas as formas de comunicação capitalista. Mas se não se dão conta da realidade que os cerca, nunca vão passar disto. Já se deram conta da realidade internet ? Assim não passam  de meros observadores de uma realidade que lhes passa ao lado. Não passam de uns velhos do Restelo.

Neste aspecto, o Partido Comunista Chinês é mais esperto. Parafraseando o ditado "Se não consegues vencê-los junta-te a eles" Foi o que fizeram, e estão-se a dar muito bem. Não venceram os países ditos rivais através das suas armas políticas, mas sim com as armas deles. Um partido, dois sistemas. Estão já muito perto de se tornarem a maior potência mundial. Nessa posição estarão em muito melhores condições de separarem o trigo do joio. Ou seja, retirar as virtualidades do sistema capitalista, e aplicar agora a virtualidades programáticas do sistema comunista. Será talvez, o aproveitar o melhor que os dois sistemas produzem, não desvirtuando nenhum. Será que haverá uma verdade sistémica ? Julgo que não. Existem várias verdades, e da  fusão delas poderá resultar uma mais cristalina. Essencialmente mais humana.

O partido Comunista português necessita essencialmente de eleger um secretário geral com outro elan, outra imagem, e essencialmente um discurso renovador, sem que isso implique o abandono do seu conteúdo programático. Aliás, o seu contúdo como acima referi, está na ordem do dia. Que é necessário fazer mais ? É só uma questão de forma. É necessário mudar a forma sem ter que mudar o conteúdo. O conteúdo está na ordem do dia. Nunca o sistema capitalista esteve tão questionado.

Se repararmos nos secretários gerais do partido ao longo da democracia, temos 3 personalidades. Álvaro Cunhal, Carlos Carvalhas e agora Jerónimo de Sousa. O primeiro com uma personalidade muito forte e pouco disponível para negar o que quer que fosse, mesmo que a realidade assim o demonstrasse. Antes quebrar que torcer. O seguinte, Carlos Carvalhas foi uma desgraça. Em termos de comunicação, do piorio. Um discurso sem forma e sem conteúdo. Aqui sim, aplicava-se bem o "Cassete Carvalhas". Agora temos um 3º Jerónimo de Sousa, com muito mais alma, mas uma imagem muito fraca.

Comunistas ! Voçês têm lá uma personalidade que segundo a minha observação parece-me inteligente, com um discurso fácil e coerente, afável e jovem, bastando apenas uns retoques de imagem. Estou a falar de Bernardino Soares. Uma boa alternativa para este PC.






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