O presidente fala, e toda a gente sabe que fala, mas a maioria dos portugueses não o escuta. Quem o escuta são uma minoria de portugueses. Os que o fazem por uma questão profissional, ficam atentos às suas palavras; às entrelinhas. Ao seu subconsciente. É uma espécie psicanálise Freudiana. Será que disse tudo aquilo que devia dizer ? A quem se dirigia ao referenciar isto ou aquilo ? Bem ! como a maioria não o ouve, o que queria dizer ou a quem se dirigia não faz a menor diferença. Quem vive obcecado e sofrível com a actividade político económica, é que julga que a mensagem do Presidente influencia o quer que seja os desígnios ou o rumo do País. Pensando bem e com alguma racionalidade, as mensagens do Presidente nas comemorações daquilo que seja, não influenciam coisa nenhuma É uma espécie de catarse política em que alguns fazem parte e outros atingem mesmo o orgasmo mental do comentário político/partidário. No fim já descontraídos a fumarem o seu cigarro, analisam o desempenho do protagonista. Do "macho men". Fazem-se mesas redondas; acesos debates; revêm-se anteriores desempenhos. Será que o presidente é o presidente de todos os portugueses ? Não ! Como já escrevi antes, o sr presidente, é o presidente dele próprio. Gere os timings. Tudo de forma, a não se comprometer com nada e com ninguém. Não é fiel nem ao partido que lhe deu o poder . É fiel a ele próprio. Imagina-se já nos anais da história. Vê a sua foto nos corredores de Belém, lápides e avenidas com o seu nome. Sabe-se lá, talvez um dia um feriado nacional tendo-o a ele como protagonista. Pode morrer descansado, a sua imensa vaidade e o seu grande ego estão de certo satisfeitos, com a sua estratégia de condução da sua imagem.
Nesta fase de grande crise económica e financeira em que Portugal se encontra, Cavaco, não quer de maneira nenhuma ficar comprometido com um eventual descalabro da economia portuguesa. Não quer que a sua imaculada imagem de político sério, responsável que tudo já previu e disse nos seus discursos, fique manchada, com os desvarios destes incompetentes.
Mais uma vez, Cavaco salta de cena. Coloca-se agora numa postura constitucional pouco elegante, ao demarcar-se das políticas de ajustamento do governo. Vê a casa a arder, e mais uma vez reforça a sua posição de demarcação, para não se comprometer com uma eventual crise recessiva prolongada em que Portugal poderá mergulhar. É contra os cortes dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, e caso tivessem que acontecer, deveriam ser os sacrifícios repartidos por todos os portugueses. Mas onde anda ou onde andou Cavaco Silva estes anos todos, em que o funcionalismo público foi e ainda é uma espécie de casta de previligiados em relação ao sector privado ? Onde é que estão os 13 % de desempregados ? Onde é que está a grande maioria dos contratos precários ? Onde se encontra a insegurança no emprego ? Onde se encontram as melhores regalias de assistência social ? As pontes e tolerâncias de ponto onde é que são concedidas ? Concerteza que não é no sector privado sr Cavaco. Estes anos todos nunca o ouvi pronunciar-se contra estas desigualdades. Pois não, o sr não é de fazer ondas. Só quando vê a casa a arder. Aí, o sr salta e foge.
Como dizia Vasco Pulido Valente no jornal Público, e com o qual eu concordo, Cavaco Silva, foi o pior que aconteceu a Portugal depois do 25 de Abril.
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