quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PORTUGAL E A FAMÍLIA DESATINO

Façamos o seguinte raciocínio. Tentar reverter a análise que se faz e têm feito da economia portuguesa, para uma simples e comum família portuguesa.
A família "Desatino"
A família Desatino, é composta por pai; mãe e três filhos.
O pib (o rendimento) da família é em termos líquidos de 28.000 € anual auferido exclusivamente pelo pai. O pai  em face dos gastos excessivos da famílias ao longo dos últimos anos têm acumulado uma dívida de 120 % do seu rendimento anual, ou seja 33.600 €. Actualmente, por ainda não ter corrigido os desatinos da mulher e dos três filhos a gastar, o défice (a diferença entre a receita e os gastos familiares) para o ano corrente, situa-se na ordem dos 8% do rendimento, ou seja, este ano vai juntar aos 33.600€ de dívida acumulada, mais 2.240 € de déficite. No final do ano corrente, a dívida acumulada (primária) sem juros ficará nos 35.840€ ou seja,  representa já 128% do seu rendimento (pib). Se no valor total da dívida, estiverem a ser pagos um valor médio de juros anuais no valor de 5%, no final deste ano recairão mais 1.792€.
Em síntese, esta família no final do corrente ano, têm uma dívida acumulada de 37.632€  cerca de 134 % no rendimento, e um défice anual de 8%.
No final do ano, o pai apercebendo-se que este caminho o vai levar à falência, visto que as despesas estão com tendência a aumentar, já que a mulher e os três filhos continuam a aumentar os desatinos, resolve fazer uma auditoria às  contas familiares. Então descobre um buraco que o filho mais velho fez. Este não tendo trabalho e gostar de andar na boa vida, não esteve com meias medidas, foi a um stand de automóveis, e com o crédito e bom nome do pai, fez um tunning geral ao seu carro, fazendo um acordo em conluio com o responsável da oficina de forma a que o factura do mesmo só fosse enviada para o pai no próximo ano, tendo esta marosca, encarecido o valor total das intervenções. A dívida à oficina totaliza 4.000€. Descobre também mais uns esqueletos no armário. É que a mulher passa a vida no cabeleireiro, e descobre que ela têm uma dívida ao salão de cerca de meio ano de intervenções 2.500 €. As duas filhas ambas estudantes universitárias gastaram o dinheiro das propinas em roupa e diversão.O pai vai ter que pagá-las, ser quer que as suas filhas continuem a estudar. Mas ainda mais, as filhas têm dívidas acumuladas em  lojas de roupa e calçado na ordem dos 3.000 €.
O pai, no fim da auditoria deitou as mãos à cabeça. Os 37.632 € que pensava ser a sua dívida acumulada, não o são, são mais 11.500 €. O total são 49.132 €
Para que a família não vá à falência, vai ter que inverter rápidamete esta trajectória de gastos. Reduções drásticas na ida ao cabeleireiro por parte da mulher, corte por tempo indeterminado na compra de roupa e sapatos por parte das filhas. Pôr o filho a trabalhar para pagar as despesas do carro.
Vários não vão gostar nada destas medidas. A começar pelos próprios, mas também pela senhora do salão de beleza, pelos lojistas onde as filhas compram, pelo dono da oficina automóvel etc. etc. Vão concerteza ver os seus rendimentos baixarem com a perda de tão bons clientes.
Vocês já imaginaram a dificuldade deste pai, para reverter a situação, ou seja, tornar no mínimo o déficit nulo, ter ainda que pagar a dívida acumulada.
Caso tornasse o déficite nulo, para pagar a dívida acumulada sem juros, precisava de trabalhar um ano e 9 meses sem nada gastar, só para pagar a dívida. Como tal não é possível, a solução de ter um déficite zero não chega, pois assim não conseguiria nunca amortizar a dívida. É necessário ter um nível orçamental superavitário, para continuar a comer vestir e calçar etc.., e  pagar aos poucos a dívida. Como não conseguirá inverter esta situação deficitária muito rápidamente de forma a dar início à amortização da dívida, vai ter que a renegociar. Tão simples como isso. Isto é o que Portugal vai ter que fazer. Renegociar a dívida. Como já escrevi antes, não é nenhum escânda-lo como o fazia crer o bancarrota Sócrates. Se é natural para as famílias, empresas Porque não para os Estados ? Portugal para se tornar superavitário, só têm 2 caminhos. Ou aumentar fortemente o seu produto (mas com o actual nível da despesa improdutivo, torna Portugal pouco competitivo face aos novos players mundiais) para que o nível da recolha de impostos consiga cobrir o nível de gastos e assim ter folga orçamental para dar início à amortização da dívida acumulada. O outro caminho; o mais correcto, é reduzir fortemente a despesa redundante, de forma a tornar o nível da despesa para níveis consonantes com o nível do produto, de forma moderada e faseada, para que o embate não dê cabo do doente.
Se analisarmos o trabalho daquele pai, para por as contas da família em dia e torná-la equilibrada em consonância com o seu rendimento; a tarefa é hercúlea. É a tarefa de Paços Coelho.
Nota: Salazar gostava mais da família "Prudêncio"

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