Porquê temos todos as teorias e soluções para tudo, mas a prática, fica na maior parte das vezes cristalizada no pensamento e no volátil discurso. Como dizia um escritor, "Já tudo foi dito sobra a forma de mudar o mundo. Falta mudar o mundo".
Tudo acontece quando somos de facto obrigados a fazer. Isto acontece connosco próprios na nossa vida. Lembro-me quando era pequeno, estava a brincar com a minha irmã e os meus primos em cima de um alpendre da entrada de uma escola nas traseira da avenida de Madrid em Lisboa. Subimos todos para lá através de uma uma árvore que estava junto. Depois lá em cima, estávamos a ver se algum de nós conseguia saltar do alpendre para o chão. Ninguém se abrevia. Aquilo era demasiado alto. Estavamos todos receosos, e ninguém se atrevia a saltar. Até que passou um rapazote muito gordinho que devia ser aluno daquela escola, e começou a barafustar de estarmos décima do alpendre da sua escola. Nós não achamos graça nenhuma e começamos-lhe a chamar-lhe gordo e autocarro. O tipo ficou furioso e foi chamar a turma dele. Chegaram uns 6 ou sete. Começaram a subir pela árvore por onde nós tínhamos subido Começamos a ver o assunto mal parado. Fomos descer pela árvore; mas os outros já vinham a subir. Ainda cheguei a por o pé décima de um deles. Mas eles eram muitos. Quando começaram a chegar ao alpendre pressionaram-nos para saltar. Antes, apesar de ter equacionado saltar, ao ver a altura que era pus logo de lado tal solução. Mas agora com a chegada daqueles matulões não tinha alternativa. Ou saltava, ou ver-me-ia sovado por aqueles gandulos todos. Ainda hoje me lembro. Não exitei um momento em saltar. Com o coração na garganta, mas saltei e fugi.
Esta história de infância, revela bem a reacção do ser humano perante as situações. Quer sejam situações cómodas quer sejam situações de aperto. Parafraseando St Exupéry " O homem só se mede quando enfrenta obstáculos ".
Lembrei-me desta história que nunca esqueci (Aquilo era mesmo alto), e associei-a à situação de aperto em que o país vive neste momento. Ao ponto a chegamos neste momento, alguém tem dúvidas que as verdadeiras reformas que ouvimos falar nos últimos 10 anos nunca chegariam a ser efectuadas a não ser se nos víssemos mesmo obrigados a fazê-lo. A teia, ou o polvo como lhe queiram chamar, está de tal forma preso, que só larga a presa cortando-lhe os tentáculos. Não fosse a troika, e a necessidade de dinheiro neste momento para comer, que ficaria tudo na mesma como a lesma. Aliás, é o que tem acontecido com aquelas reformas pífias anunciadas centenas de vezes por responsáveis políticos, governativos, comentadores etc etc.. Lembram-se do ministério criado por António Guterrres chamada ministério da reforma do estado, chefiado pelo anterior ministro da justiça de Sócrates; Aberto Martins. Grandes reformas foram feitas nessa altura não foram ? Não se fez coisa nenhuma ! Fizeram estudos e mais estudos pagos por nós a grandes gabinetes de advogados e consultores que ficaram nas gavetas ministeriais. É nesses parasitários que vivem à custa de quem produz é que são feitas as grandes reformas. Sim ! reformas douradas desses que vivem nos grandes condomínios, em grandes herdades e bebem bom vinho.
A crise financeira mundial, só veio acelerar, aquilo que deveríamos ter feito à muito muito tempo. Temos um problema estrutural, que a crise conjuntural veio acelerar. Como já escrevi noutra altura, Portugal, como na maioria dos países Europeus, têm abundado chefias que andam ao sabor das clientelas e dos seus eleitorados. A Europa precisa neste momento de uma chefia que tenha uma visão de fundo. Geralmente é nas crises profundas que essas figuras de visão e coragem aparecem. Espero que apareça o mais rápido possível, para nos livrar do abismo em que estamos a cair.
Sem comentários:
Enviar um comentário