domingo, 18 de setembro de 2011

PORTUGAL ARMADILHADO

água, respingo, isolado, ligado, brancaForam já feitos todos os diagnósticos sobre a economia portuguesa, agora resta-nos projectar as consequências da incúria destes governantes que nos governaram nos últimos vinte anos. Na quarta feira foi mais uma vez ao programa do jornalista António Gomes Ferreira, o economista João Ferreira do Amaral. Apesar de a muito custo, estou cada vez mais inclinado a dar-lhe razão. O euro está doente. Politicas monetárias únicas para realidades económicas diferentes, não tem solução neste momento que não seja a saída de países como Portugal e a Grécia do Euro. O €uro tinha viabilidade sim, caso não violarmos consecutivamente o Pacto de Estabilidade e Crescimento estipulado no tratado de Mastricht. Chamaram ao pacto de estúpido, agora caíram na armadilha da estupidez. O pacto de estabilidade e crescimento existia, exactamente para que a disciplina orçamental vigorasse nos países membros, e assim não pusesse em causa a moeda única como indicador de referência do potencial valor da economia europeia como um todo.  Mas não. O pacto era estúpido, havia necessidade de dinamizar de qualquer forma a procura agregada em alguns países. Como ? Os países mais ricos do norte financiavam os países mais débeis do sul. Ao mesmo tempo, os países do sul com uma moeda forte e taxas de juro baixas endividavam-se para comprar parte da sua produção industrial aos países do norte e do resto do mundo barato. Veio a loucura total. Em Portugal com Sócrates à cabeça, enganaram as instituições europeias para não serem penalizados com a violação do pacto de estabilidade, estimulou-se como nunca antes tinha acontecido o crédito, assente nas nas premissas estabilidade dos preços e baixas taxas de juro preconizadas no Tratado da União. Como o pacto era estúpido toca de o ignorar. Quando já não podiam esconder mais, veio a realidade. A bancarrota. Venha o FMI, Venha o FEEF, venha o BCE.
O facto é que o default de países como a Grécia e Portugal não interessa ninguém. Não interessa aos gregos por razões óbvias, mas também não interessa aos alemães porque os seus bancos têm lá enterrado muito dinheiro.
Como sabem, dos grandes problemas do €uro foi que os países transferiram a sua soberania monetária, cambial e em certa parte orçamental para o BCE (Banco Central Europeu). Monetária, porque perderam o instrumento taxas de juro como forma de dinamizar a procura e estimular a oferta. Cambial, porque ao deixaram de poder desvalorizar a moeda, perderam também um forte instrumento de equilibrar a balança de pagamentos (BOP), visto que é nesta balança que se reflecte a nossa relação com o exterior. O instrumento de desvalorização cambial, é uma forma de uma acentada só estimularmos as exportações, visto que o custo da nossa produção em termos de paridade com outros países diminui, e as nossas importações fiquem mais caras. Os termos de troca pioram. Contudo diminuiu a loucura.
Em face desta realidade, com a perda de instrumentos monetários e cambiais, e limitações em termos orçamentais, os países do €uro ficaram por sua conta em risco. Para estimularem a economia resta-lhes os custos laborais versos produtividade e as políticas fiscais. Isto dentro da zona Euro. Mas como  produzir competindo numa economia global, em que as regras do jogo não são as mesmas. Resta-nos desenvolver as nossas capacidades endógenas, analisar bem as nossas vantagens competitivas e comparativas com os potenciais concorrentes, e criar condições de atractividade do investimento   no nosso território.
Como já escrevi, isto já foi diagnosticado várias vezes. Mas fomos pelo caminho mais fácil. Reformar de facto não passou de palavras. A irresponsabilidade do não cumprimento rigoroso dos critérios de convergência; a incapacidade por falta de coragem para aumentar a eficiência dos serviços da administração pública e de todo o sector público empresarial, levou-nos a cair na armadilha da estupidez.

Sem comentários:

PRESIDÊNCIA DA RÉPUBLICA

  O nosso sistema político é Parlamentar, não presidencialista, logo os poderes do Presidente da República são limitados à sua esfera de inf...