O facto é que o default de países como a Grécia e Portugal não interessa ninguém. Não interessa aos gregos por razões óbvias, mas também não interessa aos alemães porque os seus bancos têm lá enterrado muito dinheiro.
Como sabem, dos grandes problemas do €uro foi que os países transferiram a sua soberania monetária, cambial e em certa parte orçamental para o BCE (Banco Central Europeu). Monetária, porque perderam o instrumento taxas de juro como forma de dinamizar a procura e estimular a oferta. Cambial, porque ao deixaram de poder desvalorizar a moeda, perderam também um forte instrumento de equilibrar a balança de pagamentos (BOP), visto que é nesta balança que se reflecte a nossa relação com o exterior. O instrumento de desvalorização cambial, é uma forma de uma acentada só estimularmos as exportações, visto que o custo da nossa produção em termos de paridade com outros países diminui, e as nossas importações fiquem mais caras. Os termos de troca pioram. Contudo diminuiu a loucura.
Em face desta realidade, com a perda de instrumentos monetários e cambiais, e limitações em termos orçamentais, os países do €uro ficaram por sua conta em risco. Para estimularem a economia resta-lhes os custos laborais versos produtividade e as políticas fiscais. Isto dentro da zona Euro. Mas como produzir competindo numa economia global, em que as regras do jogo não são as mesmas. Resta-nos desenvolver as nossas capacidades endógenas, analisar bem as nossas vantagens competitivas e comparativas com os potenciais concorrentes, e criar condições de atractividade do investimento no nosso território.
Como já escrevi, isto já foi diagnosticado várias vezes. Mas fomos pelo caminho mais fácil. Reformar de facto não passou de palavras. A irresponsabilidade do não cumprimento rigoroso dos critérios de convergência; a incapacidade por falta de coragem para aumentar a eficiência dos serviços da administração pública e de todo o sector público empresarial, levou-nos a cair na armadilha da estupidez.
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