domingo, 4 de setembro de 2011

A NATUREZA HUMANA

Desde finais de 2008 que não ouvimos falar de outra coisa que não seja a crise. Palavras como déficit; dívida; despesa; receita; endividamento; desemprego; cortes etc. etc. entraram no nosso quotidiano.
Um facto se constacta. É que apesar das intervenções delineadas pelos pacs I-II-III-IV e finalmente o FMI, tudo parece estar na mesma. A políticas de ajustamento, não ajustaram coisa nenhuma. A trajectória da despesa contínua  firme e irta. É como uma lapa agarrada a uma rocha, nada a consegue tirar de lá. Foram anos e anos de desgoverno. Mas não foram somente deste ou daquele partido, deste ou daquele governo deste ou daquele país. O problema é mais vasto, e deve ser visto mais para além do contexto organizacional e administrativo das nações. Resulta da NATUREZA HUMANA. Parafraseando António Gedeão (Rómulo de Carvalho) "Não acredito no homem enquanto ser social. O homem age sempre por interesse próprio". Um exemplo: Se analisarmos do ponto de vista do timing e do conteúdo de todo o discurso político do Presidente da República Cavaco Silva antes e ao longo da sua magistratura, verificaremos que ele agiu sempre a coberto do interesse do país, em interesse próprio. Os silêncios quanto à sua recandidatura,  "iria para férias reflectir" quando já todos e especialmente ele já tinha tomado a decisão à muito muito tempo. A salva guarda do recato e dos locais próprios para agir, para não tomar posição sobre coisa nenhuma. O dizer alguma coisinha  numa determinada altura, e depois  noutras, em que haveria maior necessidade da sua intervenção, não dizer coisa nenhuma. Na eleição para o segundo mandato, dizia que só se recandidataria caso houvesse uma necessidade imperiosa de ajudar a salvar o país. Sempre se recandidataria, nem que vivêssemos no paraíso. Tudo isto para se  salvaguardar. Para não sair machucado de uma eventual posição mais firme. Não sou psiquiatra, mas nem é preciso sê-lo para identificar tanta vaidade, a coberto do interesse da nação.
Mas isto passa-se na quase generalidade. Vale a pena criticar mais isto ou aquilo, que eu fazia mais assim ou assado; que a direita aqui,  que a esquerda acolá.  Não ! É a natureza humana. É o instinto de sobre vivência. Vivemos no curto prazo. Como dizia um economista, "no longo prazo estamos todos mortos". Para quê travar uma carro desgovernado em risco de se estampar, se estão todos a ter um gozo enorme de andar depressa demais. Quem quer ficar com o ónus de travar e retirar o gozo a todos os ocupantes. Só quando todos os ocupantes se derem conta que há velocidade em que estão, o acidente e a possível morte de alguns se torna inevitável, vai aparecer alguém a por o pé no travão. Alguém com coragem para o fazer, com as consequências que dai poderão há-de vir.
É fruto das rebalderias, das loucuras económicas e do caos político que nascem os regimes autoritários. Foi após o período conturbado de de 1920 a 1925 em que Portugal andou envolvido que os militares chegam ao poder, e colocam Salazar nas finanças.

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