quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O AJUSTAMENTO



Perante a inevitabilidade do ajustamento, ou seja, de ajustarmos a nossa despesa à nossa produção e aos nossos preços, num mundo cada vez mais aberto e em concorrência quase perfeita, os contestatários deste modelo a que eles chamam de neo-liberal,  vão ajustando eles sim o discurso. 

Que o nosso produto não cobre a nossa despesa já eles sabem. A solução mágica para resolver no curto prazo o problema, através do crescimento e do emprego, é carregada de demagogia, e começa aos poucos a cair por terra, pela inevitabilidade presente de estarmos numa zona monetária assimétrica sem instrumentos de política cambial e monetária própria, e de termos de perder rendimento para nos mantermos no €uro, enquanto não nos tornarmos competitivos neste clube. 

Para tentar argumentar e contrariar a realidade nua e crua, vão surgindo novos argumentos, como seja o do dr António Costa, que afirmava na quadratura do circulo da semana passada, que a Europa do €uro, tal como nos USA, tenderá para a especialização sectorial territorial.

Ou a solução mais pacóvia, para quem não percebe como funcionam as instituições europeias, e nomeadamente os burocratas que por lá andam, que é a de uma frente comum de Portugal, Grécia, Espanha, França e Itália, fazendo frente à Chanceler Merkel, e aí  vergar a Alemanha pedindo ao BCE para fabricar dinheiro à fartazana.

Esta solução pacóvia, é a solução do comodismo e do facilitismo, é  uma espécie de aspirina para combater a peneumonia.  O €uro desvalorizava e havia dinheiro para continuar a gastar à tripa forra  e no bem bom. Esquecem-se esses adeptos da fabricação de dinheiro, ou seja da mutualização das dívidas, e dos Eurobonds, que atrás dessas políticas expansionistas vem a inflação. A seguir destas vem o aumento do preço do dinheiro, ou seja  dos juros, e a seguir, poderá caso o projecto político  europeu falhe, virem problemas do género do que se está a passar com os USA, ou seja do impasse ou do shutdown como diz Obama, nomeadamente se o congresso pelo lado dos republicanos bloquear o orçamento, para não emitir dinheiro, ou seja mais dívida

Estes problemas surgem quer no caso americano, quer no caso Europeu, quando a oferta monetária e a procura interna não têm correspondência real por parte da produção interna. Então o endividamento é a solução. É uma solução que poderá prolongar-se no tempo por muitos anos, mas não eternamente. Veja-se o caso americano, onde mesmo assim é mais fácil manter a confiança na economia, porque as políticas e o espaço monetário no seu todo, são mais homogéneas, e a economia muito mais elástica e dinâmica.

Vocês já repararam que Portugal tem uma moeda mais forte que a americana ? A bota não bate com a perdigota. Então como é que podemos com uma moeda tão forte, com uma componente de incorporação de valor acrescentado tão baixa nos nossos produtos e  com os custos de produção tão altos, exportar ? Não exportaremos BMW nem AUDI, mas sim sapatos, produtos agrícolas, turismo etc. Não nos termos dos países asiáticos, onde a manufatura impera simplesmente,  mas sim em concorrência monopolística, ou seja, acrescentando valor através da especialização, do design e do marketing, aumentando assim a procura dos nosso produtos ao nível mundial. 

Nesse aspecto concordo plenamente com o dr António Costa, mas aqui não é um problema da Europa, é um problema nosso.

Será que temos viabilidade neste clube de ricos ? Sim ! temos viabilidade neste clube de ricos, mas primeiro temos que ir pelo ajustamento expansionista, ou seja corrigir, para depois crescer. Com sangue suor e lágrimas é verdade.  À sinais (não os do trimestre passado que causaram tanto entusiasmo) na economia de quem trabalha de que as coisas estão a mudar. Não no sector público, que está mais agarrado à rocha que nem uma lapa, mas sim no privado, pois esse que remédio têm senão ajustar-se. Ai ajusta ajusta !

O que é lamentável, é não termos tido governos à altura desta grande empreitada. Para além de muitas fraquezas inerentes às nossas idiossincrasias, temos uma que é transversal a muitos outros povos. Somos fracos com os fortes e fortes com os fracos, para além de comunicarmos mal.



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