terça-feira, 19 de junho de 2012

A CIGARRA E A FORMIGA

A expansão económica da formiga Chinesa, deve-se em grande parte à procura desenfreada de produtos anteriormente produzidos nas cigarras Europeias e Americana a preços de produção altos quanto comparados com os da economia chinesa, essencialmente devido às diferentes condições dos factores de produção a que as cigarras Europa e Usa estão sujeitos, por contra partida das condições da formiga Chinesa, que tem um sistema fiscal muito menos penalizador e um mercado do trabalho muito pouco regulado.
Estas diferentes condições  dos termos de troca, está a levar a cigarra Europeia e Americana a uma degradação progressiva das suas economias já que não querem meter a viola no saco. Preferem continuar numa espiral de endividamento das suas balanças de pagamentos, mantendo os mesmos padrões de nível de vida ad eternum, continuando a adquirir um vasto conjunto de produtos baratos às formiguinhas chineses. Por seu lado, a formiga chinesa, porque assim foi educada e assim está condicionada pela ditadura organizacional do formigueiro, quer continuar a encher os seus armazéns de provisões; daí que estão dispostas a trabalhar mais e mais, bastando para tal continuar a financiar as cigarras, para estas lhes darem trabalho e mais trabalho comprando-lhes tudo o que precisam para continuar o espetáculo.  As tensões entre os sistemas económicos destas duas espécies estão a acumular-se. Se as medidas para aliviar as tensões a ser as adoptadas nos USA continuarem a ser pedir autorização do senado para aumentar o endividamento, e na Europa clamar por Eurobonds e mesmo criação de moeda artificial, com medo que as suas cigarras deixem de cantar por falta de promoção dos seus espetáculos, as tensões poderão rebentar. É que com a emissão monetária artificial, a degradação musical das cigarras vai-se acentuando ao ponto de já nem as formigas as quererem ouvir, e poderem chegar ao ponto de dizer basta, com medo que as reservas em divisas acumuladas das cigarras nos seus armazéns começarem a valer cada vez menos.
Se as cigarras quiserem continuar a cantar aliviando as tensões com as formigas, terão que o fazer cantando mais baixinho  e com menos frequência, isto é, se quiserem continuar a serem ouvidas.

Tal como qualquer família ou qualquer empresa não pode eternamente aumentar o seu endividamento, a  um estado acontece o mesmo. Só se tiver reservas em ouro ou divisas  suficientes que lhe permitam liquidar a qualquer momento essa dívida ou mostrar uma elastícidade potencial económica tão grande que permita aos seus credores ter confiança em continuar a financiá-los. Se tal não acontecer, a taxa de câmbio encarrega-se de o fazer. Ou pelo menos devia encarregar-se! Uma pergunta se levanta. Porque é que o dolar americano continua alto mesmo com a degradação do €uro, se o stock da dívida americana é colossal ? Por várias razões; mas neste momento, a principal razão deve-se ao facto do principal fornecedor da economia americana não lhe interessar a desvalorização do dólar. Porquê ? Exactamente porque querem continuar a fornecê-la sucessivamente, e assim manter altos níveis de crescimento do PIB da sua economia. Então o que fazem para isso ? Compram  dívida publica americana indefinidamente, mantendo o dollar artificialmente alto e a moeda chinesa convenientemente baixa, mantendo uma relação cambial favorável aos termos de troca, mesmo arriscando-se a perder no futuro com a degradação da remuneração desses activos americanos que detêm.

Como regular estas situações quando liberalizaram o comercio mundial nos acordos da OMC ? A melhor solução será fazer aquilo que foi feito no quase fim da segunda guerra mundial na pequena vila de Bretton Woods nos USA, ou seja, criar uma entidade monetária, que  obrigasse  cada país aderente a adoptar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de uma banda de flutuação, tendo com referência  um determinado valor indexado. Neste momento, caso existisse um acordo tipo Bretton Woods, a moeda Yang chinesa, estaria concerteza mais forte, o que diminuiria a procura de produtos chineses por parte dos USA, e assim reduziria as tensões económicas entre os dois países, evitando um maior endividamento da economia americana, e obrigando-a assim a ajustar-se.

Para reestabelecer a competitividade das suas industrias, Europa e USA, das duas uma, ou reduzem drasticamente os seus níveis de consumo e de conforto das suas populações através da redução do crédito com aumento das taxas de juro pelo menos até que as condições de paridade económica entre os outros blocos económicos sejam reestabelecidas, ou criam barreiras alfandegarias aos seus produtos para proteger e estimular a produção e procura interna. Poderá ser uma solução, indo contudo contra os acordos mundiais de comércio livre. A outra solução e  mais viável, é a a restrição administrativa à importação de bens de consumo. A Europa e Usa vão ter que viver com menos no curto e médio prazo para criar condições de investimento e emprego no longo prazo.


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