Nós não somos a Grécia; Nós não somos a Irlanda; Nós não somos Portugal; Nós não somos a Espanha............ Este discurso do nós não somos, revelou antes de tudo, que nós não somos uma Europa ! a Europa como organização política não existe. A Europa é uma soma de países, em que a todo não corresponde à soma das partes.
A situação em que a Grécia chegou no seio da União Monetária, é perfeitamente inconcebível. A culpa é concerteza dos Gregos, e mais própriamente do Partido Nova Democracia (PSD português) que governou ao longo dos últimos anos, onde para além de enganarem as instituições europeias, gastaram à tripa forra o que tinham e o que não tinham, levando o país a um endividamento público e privado a níveis impossíveis de pagamento num quadro de baixa inflação. Mas a culpa não morre sozinha. Esta situação foi possível também por falta de super-visão da instituições europeias e de um forte alheamento dos responsáveis políticos do que se está a passar no resto do mundo. A Europa entrou em declínio económico à já bastante tempo, com a soberba de super potência que já não é. Mas pior que isso é o autismo, ou melhor a ignorância das elites Europeias que têm estado à frente das instituições, e mesmo dos Estados, cuja percepção do que se está passar no resto do mundo os ultrapassou. Quando falam da crise das dívidas soberanas, quais dívidas soberanas ? No caso português a maior parte da dívida é privada. Quando falam na continuação do estado Social Europeu; quando falam em crescimento, estão a falar de quê ? Alô Europeus ! A Europa já não é o que era. Acordem ! O mundo mudou. A Europa do Euro exceptuando a Alemanha não tem capacidade de pagar as suas dívidas sem um ajustamento forte no actual quadro económico mundial.
Se temos que respeitar a história e a democracia gregas no respeitante às suas decisões politicas, quer votem maioritariamente no Syriza (Bloco Esquerda), ou na estrema direita, temos que respeitar também o povo e as instituições alemãs, tal como a escolha pelos franceses de Francois Hollande na França ou Paços Coelho em Portugal. O problema é que falam todos na Europa, mas a pensar nos interesses particulares de cada país. Se perguntarem aos Gregos se querem sair do Euro, eles vão dizer que não. Mas se falarem em continuação das medidas de forte ajustamento votam nos partidos anti troika, levando ao parlamento partidos Nazis. Mas se a Alemanha mutualiza dívida e inflaciona a economia para ajudar os países do Sul, então teremos quase de certeza uma subida da extrema direita na Alemanha, e no limite a mesma no poder. A ausência e banalização das instituições europeias, leva ao crescimento do extremismo nas opiniões públicas.
Esta Europa do Barroso, do Rompuy e dessa senhora da Política Externa e de Segurança Comum, que nem me lembro do nome, é a Europa das elites, esclerosada, obesa e cheia de mordomias, que aprova para o Parlamento Europeu um orçamento rectificativo com efeitos a partir do dia 1 deste mês em que são aumentados dotações orçamentais em 8 milhões de euros este ano e no próximo 16 milhões para contratação de assistentes para os deputados, com um acréscimo também para o próximo ano de 1500 € por deputado no seu vencimento, para que no fim andam a reboque da decisões de Merkel e Sarkosy/Hollande, não dotando a Europa de ferramentas para combater choques exógenos e endógenos na procura em países da União, e criar uns verdadeiros Estados Unidos da Europa.
Não se pode deixar destruir em tão pouco tempo o que tanto tempo demorou a construir. Na perspectiva puramente económica, seria benéfico (quanto a mim) para a União Monetária a saída da Grécia do Euro. Seria tão bom a sua saída, como para Portugal ter-se deixado falir o BPN. Tal como em Portugal os que fizeram alarido para uma intervenção do Estado para a sua nacionalização, foram aqueles que lá tinham o dinheirinho. Na Grécia, quem faz alarido quanto a um contágio a toda a Zona Euro, com uma possível desagregação, são aqueles que especularam com a Grécia, e não querem perder os seus investimentos expeculativos. Contudo não é legitima a comparação, visto que a Europa é muito mais que uma União Monetária, e assim a saída da Grécia do Euro seria um retrocesso enorme no projecto Europeu, e seria uma perda enorme na confiança da própria moeda, pois os agentes económicos e as populações em geral seriam levadas a pensar, que se a Europa não segura um dos seus membros, qualquer outro que fique em situação semelhante, lhe pode acontecer o mesmo. A credibilidade e a confiança seria grandemente afectada. Nesse sentido acho que deverá ter que haver uma intervenção generalizada de forma a manter a Grécia no Euro, quer seja com o Pasok, a Nova Democracia ou mesmo o Syriza no poder.
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