segunda-feira, 23 de abril de 2012

IGNORANTES AVAROS

Os senhores da finança e dos grandes monopólios, deslumbrados com o forte poder negocial adquirido (e nalguns casos recuperado) ao longo das quase quatro décadas de democracia, onde o poder político democraticamente eleito e legitimado pelo GLORIOSO POVO para a execução das árduas tarefas da governação e dos superiores interesses nacionais, lhes estendeu o tapete vermelho de acesso ao pote $, vivem completamente à margem da realidade.
Não lhes chamaria de insensíveis, mas sim IGNORANTES AVAROS. Para melhor descrever o seu distanciamento e ignorância da realidade, dou este metafórico exemplo. Se a esses senhores lhes mandassem desenhar uma galinha, a desenhariam com certeza no forno com espeto atravessado. A realidade para estes senhores é completamente filtrada de toda e qualquer perturbação. Entre os corredores do poder e os escritórios das suas empresas, deslocam-se em deslumbrantes viaturas para os luxuosos jactos, analisando nos trajectos  as folhas de excel ou em remotas ligações aos seus erps, os resultados consolidados das suas grandes negociatas. Vencimentos de dezenas de milhares de €uros para eles e para os seus gestores é perfeitamente  normal ("parafraseando Vasco Melo presidente da Brisa e accionista da EDP à saída da reunião de sábios por causa das remunerações dos orgãos executivos da Edp nomeadamente de António Mexia, em que após a aprovação dos escandalosos valores remuneratórios diz peremptóriamente " O Méeerittto têêêm que seeeerrr Reeeecooommpeeennsssadooooo"). É assim a visão desta gente; remuneram bem quem os remunera a eles; o resto é conversa. Estes executivos fortemente pressionados pelos concelhos de administração, olham para a gestão unicamente como objectivo numero 1 de  remunerar os accionistas; vale tudo para os satisfazer. O restante, como sendo os milhares de trabalhadores e famílias a seu cargo, são meras peças no tabuleiro de xadrez, as quais,  aquando nos processos de reengenharia e downsizing, são postos fora do tabuleiro sem apelo nem agravo. Os clientes das empresas em  regime de monopólio não contam; têm que se sujeitar. Os reguladores são umas meras marionetas. Os fornecedores são expurgados até ao tutano. Veja-se o caso de muitos fornecedores das grandes superfícies; ganham o que estes lhes deixam ganhar. Escudados nos grandes escritórios de advogados, convidam a nomenclatura do poder político a quem tratam por tu, para visitarem as suas sumptuosas herdades, nas quais são servidos fortes e bem regados banquetes com o néctar de própria produção. Estes, perante tanta força e oferta de bem estar, tudo fazem para os satisfazer,  sempre à espera de uma oportunidade, aquando o fim da sua passagem pelo poder,  os possam compensar pelas servis passadeiras vermelhas que lhes foram estendidas. Vivem em luxuosos condomínios. Quando têm que atravessar o trânsito junto à tralhada, não se incomodam, pois as suas limusines de vidros foscos e fortemente insonorizadas, conduzidas pelos seus motoristas lhes proporcionam o sossego e tempo precioso para lerem os jornais. Se nas esquinas das ruas os mendigos abundam, se as estradas e os caminhos estão esburacados; se o lixo cresce nas das ruas; se os rostos dos traseuntes estão tristes e angustiados pelo confisco, é-lhes indiferente. Nem reparam. Atendem freneticamente os telefonemas das negociatas e processos pendentes. 
Num destes dias fazia manchete no jornal i "Governo deve envergonhar os gestores das PPP". Envergonhar subentendia-se as faustosas remunerações e margens de lucro que as negociatas das PPP lhes estavam a proporcionar. Santa ingenuidade! Vergonha ? Esta gente não tem vergonha nenhuma. Pode haver todos os dias manchetes de jornal a denunciar a mais escandalosos contratos de usura; podem dar todos os dias debates  com as mais variadas personalidades do mundo da economia e da sociedades  na televisão denunciando-os; podem vir as mais variadas ameaças de default da economia portuguesa; pode haver os mais variados fóruns de opinião emitidos pelos várias emissões de rádio clamamdo justiça; pode a polícia judiciária e a comunicação social divulgar o conteúdo das mais variadas escutas telefónicas em que estão envolvidos; podem estrabuxar as centenas de blogistas na web, que esta GENTE NÃO TEM VERGONHA NENHUMA. Bem escudados pela elite da advocacia, conhecedora das fragilidades do sistema judicial, aparecem alguns com a maior cara de pau perante as câmaras de televisão, calamando inocência e dizendo-se vitimas da cabala.
Com vergonha ficam aqueles que são as  vitima da roubalheira deste estado clientelar e que  após o confisco, ficam sem as suas empresas, sem os seus empregos, SEM A SUA DIGNIDADE.

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