sábado, 18 de fevereiro de 2012

A CHINA E A DÍVIDA AMERICANA

Uma das razões do crescimento exponencial do Japão na década de 80, deveu-se em grande parte aos altos volumes de exportação para os USA, resultando daí uma valorização do Iene. (tal como no mercado dos produtos onde o valor preço aumenta ou diminuiu conforme aumenta ou diminui a procura desses bens; nos mercados financeiros o funcionamento é igual, alterando-se somente as variáveis, que neste caso não é o preço do produto, mas sim o preço(valor) da moeda em relação às outras com quem transaccionam). A procura de produtos de um determinado país, valorizados numa determinada moeda, valorizam essa moeda, se houver grande procura dos produtos/moeda desse país.
 Acontece que neste caso o Japão fica mais rico, no entanto, os seus produtos, devido a essa grande procura ficam muito caros pela valorização excessiva da sua moeda (Iene).
Esta excessiva valorização, levou o Japão durante duas décadas a ficar numa situação económica de estagnação. O governo não interveio nem no mercado monetário nem cambial de forma para defender a sua moeda/economia, deixando livremente actuar a lei da oferta e da procura.

A China não cometeu o mesmo erro, lá o fluxo cambial é controlado pelo governo, não é livre como era no Japão e como pregam os economistas clássicos adeptos do "laissez faire laissez passê". Se a China deixar entrar todos os dólares gerados com suas exportações, a oferta de dólar vai superar a procura, isto é, vai haver excesso de dólares, fazendo seu valor cair e a moeda chinesa, o Yuan, se valorizar como aconteceu com o Japão, prejudicando o ponto forte das exportações da China que é o baixo preço. Assim, os chineses utilizam as divisas geradas por suas exportações para comprar títulos da dívida americana, mantendo os dólares nos EUA e o seu câmbio artificialmente baixo. Por outro lado os EUA são os maiores compradores dos chineses, e financiá-los comprando títulos da dívida pública é um negócio da China!
Como os americanos gastam mais do que poupam, necessitam de quem financie o seu o deficit público. Fazem-no através da emissão de títulos da dívida, que por sua vez tem nos chineses os seus maiores compradores mesmo pagando uma taxa de juros real negativa, em outras palavras, quem empresta ao Tio Sam resgata valores com poder de compra mais baixos do que quando emprestou, poderíamos até dizer que os americanos ganham para pegar dinheiro emprestado, mas os chineses parecem não se incomodar com isso, a dúvida é até quando essa relação vai permanecer?
Como escrevi no artigo anterior, é a prazo um suicídio económico.

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