Numa primeira fase, para a maior parte dos analistas financeiros, a crise das dívidas soberanas não passava de indisciplina orçamental e irresponsabilidade dirigentes dos países PIGE (Portugal-Irlanda-Grécia-Espanha). Longe de ser mentira, verificou-se que a irresponsabilidade e indisciplina passava muito para além destes países. França; Bélgica; Hungria; Inglaterra entre outros sofriam da mesma síndrome.
Contudo, os holofotes continuam focalizados nos países do Sul. Solução para a crise ? Disciplina orçamental, reformas do sector público empresarial e administrativo, redução das despesas sociais, reformas na legislação laboral e na justiça, entre outras. Estaria resolvido o problema a médio prazo com a adopção destas medidas. Acontece que o problema não é isolado. O problema é SISTÉMICO. É o problema de uma ZONA MONETÁRIA. As famosas Agências de Rating que reduziram a lixo estes países, afirmavam que estas medidas não estavam a ser aplicadas com suficientemente dinâmica, de forma a que os seus déficits voltassem para níveis de considerados credíveis, para que a credibilidade do financiamento das suas economias e respectiva baixa da taxa de juros se voltasse a verificar.
Estes países PIGE, mais própria mente a Grécia, pressionada pela dupla Mercozy e acossada pelas agências de rating, iniciou um conjunto de reduções na despesa pública que levaram a que a procura interna caísse fortemente, fazendo com que as medidas de redução do déficit não viessem a surtir os efeitos desejados. Pelo contrário, a queda do PIB levou e leva, a um aumento do déficit, e por ordem de razão da dívida pública. Países que assentam em grande parte o seu produto na procura interna, nomeadamente no consumo, e na componente externa não têm produtos com procura rígida e valor acrescentado suficiente para competir no mercado global que lhes permita crescer; estas medidas são inviáveis com UMA MOEDA FORTE como o €uro no curto/médio prazo. Eventualmente no longo prazo, mas num processo demasiado DOLOROSO, com convulsões sociais, e eventualmente quedas sucessivas de governos e num cenário mais conflitual, À QUEDA DA PRÓPRIA DEMOCRACIA
SOLUÇÃO --> ESTES PAÍSES TERÃO QUE SAIR DO €URO
A solução de saída destes países do €uro, apesar de ser solução, não é desejável, nem pelos próprios, dados que reconverter as suas dívidas para as moedas originais, multiplicaria as suas dívidas várias vezes. Nem para os restantes países da zona €uro, nomeadamente para Alemanha dado que assentaram grande parte do seu crescimento na procura externa desses países, financiando as suas economias. A saída do €uro da Grécia ou de Portugal, levaria ao não pagamento dos financiamentos efectuados a estes países o que poderia levar a uma crise sistémica de proporções inimagináveis.
Agora numa segunda fase, verifica-se de facto, que a queda da procura interna destes países PIGE, com fortes medidas de ajustamento, leva a uma queda tal do seu PIB, que o ajustamento não se consegue efectuar.
SOLUÇÃO -->MANTER ESTES PAÍSES NO €URO COM UM AJUSTAMENTO MAIS FRACO E PROLONGADO NO TEMPO
Ao começarem a verificar que o remédio estava a matar o doente, Merkel ; Sarcozy e as agências de rating, inflectiram o discurso. Terão que adoptar medidas de acção ao CRESCIMENTO económico
Baixaram o rating novamente destes países e de outros, mas dizendo agora, que não estão a ser tomadas as medidas suficientes para o relançamento económico destes países.
Que pessoas como eu caiam nestes erros de análise, compreende-se. Nas será que os sábios economistas e financeiros que trabalham nas agências de rating; nos gabinetes de estudos económicos governamentais das instituições europeias e dos governos desses países, cometam estes erros de análise de uma zona económica monetária é no mínimo preocupante. Poderíamos dizer que não têm para onde olhar. Mas têm o exemplo dos USA. Mas pior ! é que as próprias agências de rating estão sedeadas nos USA. Não entendo ! Baixam o rating porque o doente não toma os comprimidos suficientes, e agora dizem que o doente foi medicado a mais. Em que é que ficamos ? Se tivessem olhado para dentro da sua própria casa, os aconselhamentos financeiros para correcção dos países que têm dívidas soberanas excessivas, seria muito simplesmente comunicarem aos dirigentes europeus; façam como nós. Criem um orçamento federal solidário, de forma a responsabilizar-se pela assimetria orçamental das suas regiões. Mas não andam ao sabor dos acontecimentos.
Para fazer análises deste tipo, bastará os conselhos uma afoita dona de casa.
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