A democracia, deu-nos de entre muitas coisas, uma que é quanto a mim a mais importante ; a liberdade, e nomeadamente a liberdade de expressão. À coisas na vida em que as opiniões não divergem grandemente, mas há outras, que devido às enumeras variáveis que as compõem, levam a que percamos a objectividade na sua análise. Uma dessas coisas é a ciência económica. A economia fundamenta grande parte das suas projecções em modelos matemáticos, mas longe de ser uma ciência exacta; é essencialmente uma ciência social, e como já escrevi, o equilíbrio que muitas vezes pensamos estar é tão frágil, quer seja por motivos de ordem natural, quer seja pela imprevisíbilidade comportamental do ser humano, leva a que a divergência de opiniões abunde quando falamos de economia. Como diria o grande economista John Maynard Keynes, "..se tivermos 5 economistas numa sala a teorizar sobre o mesmo assunto, no fim sairão com certeza 5 opiniões diferentes, e se contarem com a dele serão 6.."
Se definirmos basicamente o que é a ciência económica, rapidamente poderemos definí-la muito sinteticamente, como a ciência que estuda a melhor forma de utilizar os escassos e finitos recursos à disposição do homem para o seu melhor bem estar. A melhor forma de os utilizar é que varia consoante os fundamentos ideológicos em que assentam esses pressupostos e a forma como os recursos à disposição do homem são ou não apropriados por ele. As definições são por natureza redutores, e haveria muito mais a dizer sobre o próprio objecto da ciência económica, mas não é esse o objectivo deste texto. O objectivo deste texto, é chamar a atenção sobre as profundas contradições de análise que expurgadas da componente política, se têm sobre os mesmos objectivos. Basta lembrar o que escrevi no último artigo, sobre a equação impossível neste momento de resolver no curto/médio prazo da crise das dívidas soberanas no contexto individual dos países no seio de uma zona monetária. É que ter uma unidade monetária homogénea numa heterogênea realidade social torna complexa e imprevisivel o seu caminho. Mas não só, expurgando a partidarite aguda que distorçe toda e qualquer análise racional sobre as realidades mundanas, e se nos debruçarmos sobre as análises descomprometidas sobre diversas realidades económicas, sociais e políticas, as conclusões, nomeadamente acerca dos caminhos para atingir o bem estar do homem, divergem grandemente. Não vou dar grandes exemplos sobre aspectos destas divergências, porque são muitos e de fácil constatação por parte do leitor. Basta ouvir as diversas versões sobre como retirar a Europa e nomeadamente os países com crises orçamentais graves deste beco sem saída.
Termos diversas realidades (economias) acorrentadas da mesma maneira (neste caso por uma moeda), geram fortes tensões. Como resolvê-las ? Utilizando uma metáfora, se tivermos um doente cujo problema é o excesso de peso, o melhor tratamento para o seu emagrecimento, será não deixar de lhe dar de comer de repente, mas fazer um plano alimentar e desportivo, de forma a que emagreça lentamente sem por em causa, o bom funcionamento dos seus órgãos vitais. No caso Europeu, como diria o nosso amigo João Pinto, "Prognósticos só no fim do jogo". É o que eu estou a fazer. É mais fácíl analisar quando tudo já aconteceu. Já disse e repito; o professor Ferreira do Amaral tinha razão. Fez bem o prognóstico logo no início do jogo. "A economia portuguesa entre outras, não têm um sistema produtivo forte o suficiente, para aguentar uma moeda forte como o €uro". A Alemanha não vai querer desvalorizar a sua economia por causa dos desmandos dos países do sul
Como a saída do €uro não interessa a ninguém, o melhor é fazer o caminho, caminhando. Possivelmente descalços e com feridas nos pés. Umas vezes o velho de cima do Burro e a criança a pé, outras a criança de cima do burro e o velho a pé, outras, ambos a pé ou ambos de cima do burro. O importante é não ficarmos no mesmo sítio, apesar do burro; do velho e da criança, serem bastante diferentes de país para país
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