Na análise da ciência económica, os movimentos de procura e oferta, quer seja de bens e serviços, quer seja de capitais, geram desiquilibrios. Quando mal sustentados, geram forte instabilidade macroeconómica.
À medida que linhas orientadoras da OMC (Organização Mundial do Comércio) foram avançando e as barreiras alfandegarias caindo, os principais blocos económicos mundiais (Europa e USA), viram aí uma fonte inesgotável de prosperidade e bem estar. Fabricar barato fora, e vender a bom preço cá dentro. Os empresários não esperaram pela demora. Em quantidade e em força para onde é mais barato, o pessoal da casa está desejoso de comprar, a banca de financiar e os mercados financeiros desejosos de financiar a banca.
Do outro lado estão milhões de pessoas desejosas, (e no seu legítimo direito) de também consumir, de poderem passar de uma sociedade agrícola miserável para uma sociedade industrial. Os dois blocos desejosos de continuar a consumir (Europa e USA), e outros tantos (Índia,China, Brasil) de produzir, (numa primeira fase, e de consumir numa segunda), gerou-se neste momento um desiquilibrio enorme e problemático ao nível macroeconómico. Com a contínua desindustrialização (diminuição da oferta interna) e um apetite voraz pelo consumo (oferta externa), os blocos Europa e USA, endividaram-se. O Japão anémico à mais de 20 anos. Os blocos China, Índia, Brasil e países Árabes, cuja competitividade em produtos cada vez com maior valor acrescentado, é difícil de combater dado que os custos unitários do trabalho são muito inferiores e os direitos sociais quase inexistentes. Estão com crescimentos do PIB quase a dois dígitos, logo, com capacidade de financiarem os outros dois blocos, através do excesso de liquidez que detêm, na expectativa de manterem a procura dos seus bens. De um lado gerou-se um excesso de procura, com défice de liquidez, e do outro, um excesso de oferta com excedentes de liquidez.
O problema é que neste momento, no bloco Europeu, estão países, com estruturas sociais baseadas no Well-fare-State (Estado social), que na fase de abrandamento económico geram déficites estatais crónicos.
Durante tempo demais, foram-se financiado nos mercados com excesso de liquidez. Veio a crise das suas dívidas soberanas. Atacaram fortemente do lado da receita, com aumento da sobrecarga fiscal. Mantiveram as estruturas na mesma ou quase. Neste momento a margem fiscal está esgotada, a capacidade de produzir a médio prazo a maioria de produtos de consumo de uma forma competitiva ao nível mundial não existe. A única solução é um corte forte na despesa do estado, e nas regalias sociais, com forte impacto no desemprego, e com o risco de acontecer uma nova crise financeira mundial. Aí virá uma nova crise económica muito mais severa.
Com diz o Professor César das Neves "Não há almoços grátis"
Com diz o Professor César das Neves "Não há almoços grátis"
Sem comentários:
Enviar um comentário